“Quien odia al hermano es un asesino”

17 de Octubre de 2018

[Por: Leonardo Boff]




Reina mucha violencia, rabia y odio en nuestro Brasil a causa de la segunda vuelta de las elecciones. Lo que nos escandaliza y va contra la Constitución que afirma ser un Estado laico (no oficializa ninguna religión ni estas pueden ser usadas partidariamente), son las iglesias neo-pentecostales y algunas evangélicas, concretamente la Universal y su líder, que se han transformado en centros de fake news, verdadera máquina de producción de calumnias y falsedades contra el candidato Haddad, hasta afirmar que, de modo semejante al estado totalitario comunista, “el niño después de 5 años pasa a no pertenecer ya a los padres sino al Estado”. ¿Quién puede imaginar semejante absurdo de una persona que vive en armonía con su familia? Además de ser mentiras y calumnias, suscitan el odio.

 

Aquí no vale otro argumento que el de la Biblia, que por lo menos reconocen, aunque traicionen sus preceptos.

 

El gran mensaje de Jesús es el amor incondicional hasta al enemigo, pues incluso “ama a los ingratos y malos” (Lc 6,35). Quien está fuera del amor, está lejos de Dios y traiciona el legado de Jesús.

 

Más explícita aún es la primera carta de San Juan: “Si alguien dice: ‘amo a Dios‘ pero odia a su hermano es un mentiroso” (1Juan 4,20).

En otro lugar es aún más perentorio: “Quien odia al hermano es un asesino. Y sabéis que ningún asesino tiene la vida eterna” (1Juan 3,15). Pues estamos llenos de asesinos en nuestro país y sabemos especialmente de dónde vienen, aunque no exclusivamente: de un candidato que es claramente homófobo, misógino, enemigo declarado de los LGBTI, de indígenas y de quilombolas. Predica la violencia contra ellos, cosa que ya está siendo practicada en anticipación a su eventual victoria (que los cielos nos libren) en varios lugares del país por parte de sus seguidores, llegando incluso al asesinato del gran maestro de capoeira en Salvador, maestro del cantante Gilberto Gil y de Caetano Veloso, y a la violencia contra una joven de Porto Alegre a la que con una navaja le grabaron en la pierna la esvástica nazi.

 

Esta actitud va contra toda la base religiosa cultural cristiana de nuestro país. Son verdaderos enemigos de la patria, además de enemigos de los mencionados arriba. En el lenguaje del Nuevo Testamento son ‘asesinos'.

 

Pero lo que más nos falta –y éste fue el legado de Betinho, nuestro Gandhi de los trópicos– es la sensibilidad. Supo identificar la crisis central de la humanidad actual en la línea del Papa Francisco hoy. De su boca oímos y de su ejemplo aprendimos que “la crisis central no está en la nueva economía política de la exclusión, ni en la corrupción de la política, ni en la derrota moral de la humanidad. La crisis fundamental reside en la falta de sensibilidad de los humanos hacia otros seres humanos”.

 

Después de siglos de racionalismo y de dictadura del proyecto de la tecno-ciencia, hemos quedado todos con una especie de lobotomía que nos impide sentir al otro como otro, que incapacita nuestro corazón para sentir el pulsar de otro corazón y nos hace crueles y sin piedad ante el sufrimiento humano y la devastación de la biosfera.

 

No es el logos griego, ni la ratio cartesiana, sino el pathos (el sentimiento profundo), y el cuidado (cura en latín) quienes organizan las estructuras básicas de la existencia humana en el mundo junto con los demás.

 

Esta es la gran lección humanitaria, ética y espiritual que Betinho nos ha dejado como legado inmortal. Esta lección todavía hoy habla a lo profundo de cada ser humano, donde vive el mundo de las excelencias como el amor, la solidaridad, la compasión y la verdadera hermandad entre todos.

 

Esta lección, en el contexto actual de Brasil, atravesado por odios y rabias viscerales, posee inmensa actualidad. Sería la única cura verdaderamente eficaz.

 

¡Qué falta nos hace Betinho en estos días!            

 

Página de Boff en Koinonía

Página de Leonardo Boff

 

*      *      *

 

Quem odeia o irmão é um assassino”

 

Reina muita violência, raiva e ódio em nosso país por causa das eleições do segundo turno. O que nos escandaliza e vai contra a Constituição que afirma ser o Estado laico (não oficializa nenhuma religião nem pode ser usada partidariamente) são igrejas neo-pentecostais e algumas evangélicas, como explicitamente a Universal e seu líder que se transformaram em centros de fake news, veradeira máquina de produçpão de calúnias e falsidades contra o candidato Haddad até afirmando, semehante ao estado totalitário comunista “a criança depois de 5 anos passa pertencer não mais aos pais mas ao Estado”. Quem pode imaginar semelhante absurdo de uma pessoa que vive em harmonia com  sua família? Além de mentiras e calúnias suscitam o ódio.

 

Aqui não vale outro argumento que o da Bíblia que eles pelo menos reconhecem, embora  traiam  seus preceitos.

 

A grande mensagem de Jesus é o amor incondicional até para com o inimigo, pois inclusive “ama os ingratos e maus”(Lc 6,35). Quem está fora do amor, está longe  de Deus e atraiçoa o legado de Jesus.

 

Mais explícito ainda é a primeira carta de São João:”Se alguém disser:’amo a Deus’ mas odiar o irmão é mentiroso” (1João 4,20).

 

Num outro lugar é ainda mais peremptório:”Quem odeia o irmão é um assassino. E sabeis que nenhum assassino tem a vida eternal”( 1 João 3,15).

 

Pois estamos cheios de assaninos em nosso país e sabemos especialmente de onde eles vêm,  embora não exclusivamente, de um candidato que é claramente homofóbico, misógeno, inimigo declarado dos LGBTI, de indígenas e quilombolas. Prega a violência contra eles, coisa que já está sendo realizada em antecipação de sua eventual vitória (que os céus nos livrem) em vários lugares do país por parte de seus seguidores, até com o assassinato do grande mestre de capoieira, em Salvador, mestre do cantor Gilberto Gil e de Caetano Veloso e a violência contra uma jovem de Porto Alegre que com o canivete lhe puseram na perna a incisão da suástica nazista.

 

Essa atitude vai contra todo o lastro religioso cultural cristão de nosso pais. São verdadeiros inimigos da patria, além de inimigos dos referidos acima. Na linguagem do Novo Testamento são assassinos.

 

Mas o que mais nos falta e este foi o legado do Betinho, nosso Gandhi nos trópicos:  a  sensibilidade.

 

Soube identificar a crise central da humanidade atual na linha do Papa Francisco hoje.

 

De sua boca ouvimos e de seu exemplo aprendemos que “a crise central não está na nova economia política da exclusão, nem na corrupção da política, nem na derrocada moral da humanidade. A crise axial reside na falta de sensibilidade dos humanos para com outros seres humanos”.

 

Ficamos todos, depois de séculos de racionalismo e de ditadura do projeto da tecno-ciência, com uma espécie de  lobotomia que nos impede de sentir o outro como outro, que  incapacita nosso coração de sentir o pulsar de outro coração e nos faz cruéis e sem piedade diante do sofrimento humano e da devastação da biosfera.

 

Não o logos grego  nem a ratio  cartesiana mas o pathos (o sentiment profundo) e o cuidado (cura em latim) que organizam as estruturas básicas da existência humana no  mundo junto com os outros.

 

Betinho soube desentranhar essa dimensão da com-paixão, da sensibilidade, da sim-patia e da em-patia para  com o destino das grandes maiorias destituídas desta humanidade  em nosso país com o seu principal projeto “Ação da cidadania contra a fome, a miséria e pela vida”.

 

Essa é a grande lição humanitaria, ética e espiritual que nos deixou como legado imorredouro. Esta lição ainda hoje fala para o profundo de cada ser humano, onde mora o mundo das excelências como   o amor, a solidariedade,  com-paixão e a real irmandade entre todos.

 

Esta lição possui no contexto atual do Brasi, atravessado por ódios e raivas vicerais,  estrema atualidade. Ela repreentaria a única cura verdadeiramente eficaz.

 

Como Betinho nos faz falta nos dias de hoje!

 

Leonardo Boff é filósofo, eco-teólogo e escritor

 

 

Imagem: https://werkenrojo.cl/brasil-violencia-y-odio-de-clase/ 

 

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