05 de Abril de 2018
[Por: Leonardo Boff | Texto en español y portugués]
La derrota de Lula en el STF a propósito del rechazo del habeas corpus y su eventual prisión, revela la vuelta de las fuerzas del atraso que perpetraron el golpe parlamentario, jurídico y mediático contra Dilma Rousseff en 2016. La gran cuestión no se restringe a la difamación de nuestro mayor líder, condenado sin pruebas convincentes, y a la sangría del PT. Se están enfrentando dos proyectos que van a definir nuestro futuro: larecolonización o la refundación.
El proyecto de la recolonización fuerza a Brasil a ser mero exportador de commodities. Esto implica desnacionalizar nuestro parque industrial, nuestro petróleo, las grandes instituciones estatales. Se trata de dar el mayor espacio posible al mercado competitivo y nada cooperativo y reservar al Estado solamente funciones esenciales mínimas.
Este proyecto cuenta con aliados internos y externos. Los internos son aquellos 71.440 multimillonarios censados por el IPEA que controlan gran parte de las aportaciones del país. El aliado externo son las grandes corporaciones multinacionales, interesadas en nuestro mercado interno y, principalmente, el Pentágono que vela por los intereses globales de Estados Unidos.
El gran analista de las políticas imperiales, recientemente fallecido, Moniz Bandeira, Noam Chomsky y Snowden nos revelaron la estrategia de dominación global. Se rige por tres ideas fuerza: la primera, un mundo y un imperio; la segunda, la dominación de todo el espacio, abarcando el planeta con cientos de bases militares, muchas de ellas con ojivas nucleares; la tercera, la desestabilización de los gobiernos progresistas que están construyendo un camino de soberanía y que deben ser alineados a la lógica imperial. La desestabilización no se hará por vía militar, sino por vía parlamentaria. Se trata de destruir los liderazgos carismáticos, como el de Lula, difamar el mundo de lo político y desmantelar políticas sociales para los pobres. Un contubernio ha sido organizado entre parlamentarios venales, estratos judiciales, del ministerio público, de la policía federal y por aquellos que siempre apoyaron los golpes particularmente los grandes medios.
Depuesta la presidenta Rousseff, todos los elementos político-sociales a decir verdad empeoraron sensiblemente.
El otro proyecto es el de la refundación de nuestro país. Es un proyecto que viene de muy atrás, pero ganó fuerza bajo los gobiernos del PT y aliados, para el cual la centralidad era dada a los millones de hijos e hijas de la pobreza. No sólo mejoró la vida de ellos, sino que rescató su dignidad humana, siempre humillada. Este es un dato civilizatorio de magnitud histórica.
Este proyecto de la refundación de Brasil, proyectado sobre otras bases, con una democracia construida a partir de abajo, participativa, socio-ecológica, constituye la utopía esperanzada de muchos brasileños.
La sostendrán tres pilares: nuestra naturaleza de singular riqueza y fundamental para el equilibrio ecológico del planeta; nuestra cultura, creativa, diversa y apreciada en el mundo entero y, finalmente, el pueblo brasileño inventivo, hospitalario y místico.
Estas energías poderosas podrán construir en los trópicos, una nación soberana y ecuménica que integrará los millones de desheredados y que contribuirá a la nueva fase planetaria del mundo con más humanidad, ligereza, alegría y fiesta, a ejemplo de los carnavales. Pero hay que derrotar a las élites del atraso.
No anunciamos optimismo, sino esperanza en el sentido de San Agustín, obispo de Hipona, hoy Argelia. Bien dijo: la esperanza incluye la indignación para rechazar lo que es malo y el coraje para transformar lo malo en una realidad buena.
Una sociedad sólo puede sostenerse sobre una igualdad razonable, con justicia social y la superación de la violencia estructural. Este es el sueño bueno de la mayoría de los brasileños.
Traducción de Mª José Gavito Milano
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O que está em jogo na atual crise brasileira: a recolonização ou refundação?
A derrota de Lula no STF a propósito da rejeição do habeas corpus e sua eventual prisão, revela a volta das forças do atraso que perpetraram o golpe parlamentar, jurídico e mediático contra Dilma Rousseff em 2016. A grande questão não se restringe à difamação de nosso maior líder, condenado sem provas cogentes e o sagramento do PT. Dois projetos estão se confrontando e irão definir o nosso futuro: a recolonização ou a refundação.
O projeto da recolonização força o Brasil a ser mero exportador de commodities. Isso implica desnacionalizar nosso parque industrial, nosso petróleo, as grandes instituições estatais. Trata-se de dar o maior espaço possível ao mercado competitivo e nada cooperativo e reservar ao Estado apenas funções essenciais mínimas.
Este projeto conta com aliados internos e externos. Os internos são aqueles 71.440 multimilionários que o IPEA elencou e que controlam grande parte das riquezas do país. O aliado externo são as grandes corporações multinacionais, interessadas em nosso mercado interno e principalmente o Pentágono que zela pelos interesses globais dos Estados Unidos.
O grande analista das políticas imperiais, recém falecido, Moniz Bandeira, Noam Chomsky e Snowden nos revelaram a estratégia de dominação global. Ela se rege por três ideias força: a primeira, um mundo e um império; a segunda, a dominação de todo o espaço (full spectrum dominance), cobrindo o planeta com centenas de bases militares, muitas com ogivas nucleares; a terceira, desestabilização dos governos progressistas que estão construindo um caminho de soberania e que devem ser alinhados à lógica imperial. A desestabilização não se fará por via militar, mas por via parlamentar. Trata-se destruir as liderenças carismáticas, como a de Lula, difamar o mundo do político e desmantelar políticas sociais para os pobres. Um concluio foi arquitetado entre parlamentares venais, estratos do judiciário, do ministério público, da polícia federal e por aqueles que sempre apoiaram os golpes particularmente a grande mídia.
Afastada a Presidenta Dilma Rousseff, todos os itens político-sociais, na verdade, pioraram sensivelmente.
O outro projeto é o da refundação de nosso país. Ele vem de longa data, mas ganhou força sob os governos do PT e aliados, para o qual a centralidade era dada aos milhões de filhos e filhas da pobreza. Não apenas melhorou a vida deles, mas resgatou a sua dignidade humana, sempre aviltada. Esse é um dado civilizatório de magnitude histórica.
Esse projeto da refundação do Brasil, projetado sobre outras bases, com uma democracia construída a partir de baixo, participativa, sócio-ecológica constitui a utopia alviçareira de muitos brasileiros.
Três pilastras a sustentarão: a nossa natureza de singular riqueza e fundamental para o equilíbrio ecológico do planeta; a nossa cultura, criativa, diversa e apreciada no mundo inteiro e, por fim, o povo brasileiro inventivo, hospitaleiro e místico.
Essas energias poderosas poderão construir nos trópicos, uma nação soberana e ecumênica que integrará os milhões de deserdados e que contribuirá para a nova fase planetária do mundo com mais humanidade, leveza, alegria e festa, a exemplo dos carnavais. Mas importa derrotar as elites do atraso.
Não anunciamos otimismo, mas esperança no sentido de Santo Agostinho, bispo de Hipona, hoje a Tunísia. Bem disse: a esperança inclui a indignação para rejeitar o que é ruim e a coragem para transformar o ruim numa realidade boa.
Uma sociedade só pode se sustentar sobre uma igualdade razoável, a justiça social e a superação da violência estrutural. Esse é o sonho bom da maioria dos brasileiros.
Leonardo Boff é teólogo,filósofo e escreveu: Brasil: concluir a refundação ou prolongar a dependência? Vozes, Petrópolis 2018.
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