28 de Abril de 2025
[Por: Vitor Hugo Mendes]
A Igreja Católica e o mundo inteiro se despedem do Papa Francisco. Ainda no início do ano, em fevereiro, o santo padre foi internado no hospital, em Roma, para tratar de uma pneumonia dupla. Teve alta no dia 23 de março. No domingo de Páscoa, 20 de abril, embora fragilizado, uma vez mais quis se fazer presente na Praça de São Pedro. Presidiu a benção Urbi et Orbi (para a cidade e o mundo) e circulou entre a multidão de fiéis no papamóvel.
No dia seguinte, na madrugada de 21 de abril, Francisco celebrou a sua páscoa e se unia para sempre ao Ressuscitado. Com inúmeras manifestações de pesar, rapidamente ganhou máxima divulgação a notícia de que faleceu, aos 88 anos, o primeiro papa latino-americano. Sábado, 26 de abril, foi o seu sepultamento na Basílica Santa Maria Maior, em Roma.
No último dia 13 de março, completaram-se 12 anos do pontificado do Papa Francisco. Argentino de nascimento, foi eleito sucessor de Pedro aos 76 anos de idade. Desde o início o primeiro papa jesuíta fez-se notar por sua originalidade. A humildade expressa em gestos e palavras foi a marca maior do seu magistério não escrito. Ao escolher o nome resgatou do esquecimento o testemunho profético de São Francisco de Assis e assim demarcou um itinerário de vida e missão do qual jamais se afastou.
A partir de então, Francisco, bispo de Roma, simplesmente decidiu morar na Casa Santa Marta. Deixou de lado os muitos protocolos do Palácio Apostólico (a residência oficial dos papas) e buscou viver como sempre viveu: rodeado de gente, vida modesta e a serviço de todos (nunca fez férias). Tratou de viver o evangelho sem glosas, uma “Igreja pobre para os pobres”.
Não podemos esquecer que sua primeira viagem internacional foi ao Brasil, em julho de 2023, para participar da Jornada Mundial da Juventude, Rio de Janeiro. No total, foram 47 viagens apostólicas a todos os continentes, visitou 65 países. Mostrou-se incansável em promover na casa comum uma “cultura do encontro” capaz de vencer o individualismo e a indiferença.
O Magistério escrito do Papa Francisco, ao longo do seu intenso pontificado, foi sempre muito lúcido, objetivo e propositivo. Pode-se dizer, brevemente, que se orientou em duas direções.
Para levar em frente a reforma da Igreja, iniciada com o Vaticano II (1962-1965), com muita agilidade organizou o seu programa de trabalho na Exortação Apostólica Evangelii gaudium (A alegria do Evangelho, 2013). Ali retomou sem temor uma dinâmica eclesial participativa, dispôs a Igreja em saída missionária, na direção das periferias, e não titubeou em promover uma pastoral em conversão em toda a Igreja. Sem demora, com a Encíclica Laudato si’ (2015), o Papa Francisco propôs, com máxima responsabilidade, uma indispensável reforma da sociedade; trouxe com precisão o cuidado da casa comum, mediante uma primorosa ecologia integral (no Brasil, tema da Campanha da Fraternidade 2025).
E, tratando de colocar as necessárias reformas em movimento, Francisco instaurou uma nova dinâmica sinodal (caminhar juntos) que se pôs, imediatamente, a refletir sobre a sinodalidade da Igreja. Deixou claro que caminhar juntos não só é uma nota constitutiva da Igreja, mas, também, uma prerrogativa indispensável à reforma social da casa comum (Fratelli tutti, todos irmãos).
Para Francisco, a missão evangelizadora da Igreja pode ser comparada a um “hospital de campanha”, em meio à guerra, cuja tarefa é fazer o impossível para salvar vidas. Em suas palavras: “Todos, todos, todos. A igreja é para todos, a igreja deve receber todos, a igreja deve falar e dialogar com todos!”. De acordo com Francisco, “aquilo de que a Igreja mais precisa hoje é a capacidade de curar feridas e aquecer os corações dos fiéis; precisa de proximidade, vizinhança”.
Francisco de Roma é mais um Francisco de Assis. A cada 800 anos ressurge outro. Uma vida vivida em minúsculas e que para sempre será escrita em maiúsculas. Francisco é FRANCISCO. Descanse em paz Peregrino de Esperança!
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