[Por: IHU]
Se, de um lado, a Igreja sinodal “é o grande investimento de Francisco”, isto é, “aquilo que Papa, de forma aberta e declarada, quer deixar para a Igreja”, de outro, o Sínodo para Amazônia e a primeira seção do Sínodo sobre a Sinodalidade têm sido interpretados à luz da “desilusão”, como se fossem “o calcanhar de Aquiles” do pontificado, observa a teóloga Marinella Perroni em videoconferência intitulada A Opção Francisco e o sínodo sobre a sinodalidade. Esperanças e desafios, promovida pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU na semana passada, 23-11-2023. “É interessante ver que a desilusão foi provocada por dois sínodos, como se o calcanhar de Aquiles, o ponto fraco desse pontificado, pudesse ser exatamente a experiência do sínodo”, sublinha.
Na avaliação da conferencista, “Francisco estabeleceu com [os sínodos] um corpo a corpo, uma confrontação, uma luta que revelou uma forte resistência à sinodalidade”. Para ela, a pergunta emergente do processo sinodal até o momento é: “o que Francisco desejava obter? Difundir tranquilidade, serenidade, não dar armas nas mãos dos seus adversários – porque, desde o início do pontificado, é muito difícil gerenciar tudo isso? Ou, de alguma forma, ele queria abrir, criar um brainstorming na Igreja Católica, remisturar tudo, criar um movimento telúrico, porque propostas, instâncias, ilusões, esperanças, haviam sido difundidas?”
A seguir, publicamos a palestra de Marinella Perroni no formato de entrevista, juntamente com as perguntas formuladas pelos participantes. Nas respostas, a teóloga fala das proximidades e diferenças entre o pontificado do Papa Francisco e Bento XVI. “Diria que não há muitos elementos em comum entre Bento e Francisco, exceto o que disse no início, isto é, a mesma visão do condicionante mariano-petrino como única forma de organizar e tornar pacíficas as coisas na Igreja. O estilo é o mesmo: às mulheres, o carisma, aos homens, a autoridade. Lembrem que é mais importante o carisma do que a autoridade, mas depois lembrem que quem decide é a autoridade e não o carisma. Esse é o nó no qual se baseia não só a questão da presença e do papel das mulheres na Igreja, mas, do ponto de vista teológico, como ela é entendida dentro da Igreja”, resume.
Marinella Perroni é doutora em Teologia pelo Pontificio Ateneo Sant'Anselmo, de Roma, onde foi professora de Novo Testamento por vários anos e, hoje, é professora emérita. É uma das fundadoras da associação “Coordenação de Teólogas Italianas” e participa da Associazione Laica di Cultura Biblica.
Confira a entrevista…
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