[Por: Luís Henrique Alves Pinto]

A espera do Natal do Senhor

Ao Povo das Comunidades,

A ternura e a jovialidade de nosso Deus se revelam na Encarnação. Nós, comunidades Cristãs, nos preparamos para a celebração do Natal. Esta Novena é mais um instrumento para a vivência orante deste tempo.

Ela segue o ritmo do Ofício Divino das Comunidades com os mantras, aberturas, recordações da vida, hinos, salmos, leituras bíblicas, preces, cântico evangélico – o Magnificat – e bênção final. Em cada dia as Escrituras apontam a vivência da ativa espera do Natal do Senhor. Logo no começo, vamos ouvir o relato onde João Batista manda perguntar se Jesus é o esperado. A resposta vem com as ações e palavras de Boas Novas aos pobres. No segundo dia, as escrituras destacam João Batista, apresentado com o aquele que prepara os Caminhos do Senhor, relembrando as profecias de Isaías. No terceiro, a genealogia repleta de nomes de homens, abre espaço para as quatro antepassadas de Jesus e sua mãe Maria. No quarto dia é José o protagonista.

Ouve do anjo a missão de acolher Maria e o Menino que vai nascer. No quinto dia é Zacarias quem recebe notícia do nascimento de João Batista e emudece. No sexto dia é Maria quem recebe o anúncio do Anjo, respondendo com o “faça-se em mim sua Palavra”. No sétimo dia o texto é o da visita de Maria a Isabel. No oitavo temos o profético cântico de Maria. No último dia, Zacarias escreve, João é seu nome. Por meio deste mergulho nas escrituras e na realidade, a oração comunitária nos conduzirá na mística do Advento.

Este tempo de Espera do Natal pretende renovar em todos a certeza de que Deus sempre está conosco e nunca nos abandona. Ele constantemente anima nossa caminhada e insiste; “não tenham medo!”. Chama-nos a viver de acordo com o seu Projeto, a sermos servidores do seu Reino. A resposta a este apelo de Deus acontece na solidariedade para com os pobres e na defesa da Casa Comum, a Terra. A consolação de Deus para seu povo vem por meio de cada um de nós. Precisamos ser, uns para os outros, um “sinal de esperança”. Vamos reacender entusiasmo e a coragem de quem já está a fazer o bem, mesmo que seja só um pequenino grão de mostarda. Vamos reforçar a fé no projeto popular e manter a chama acesa dos que estão com os pés vacilantes. Sofremos todos por causa da mentira, violência, ódio e morte imposta pelos “idolos” do dinheiro, lucro e mercado.

Todavia exultamos pela libertação em curso na história pelas mãos do Deus Justo e Compassivo. Por isso, rezamos: 

Deus de ternura e compaixão, o brilho do teu olhar já está clareando nossos horizontes, vem e abençoa-nos com tua beleza. Beleza que com o novo todo velho contagia.

Beleza que corrompe com sangue novo a anemia, infecciona a miséria com vida nova e sadia. Amém.

Deus justo e libertador, a força de teu Reino já brota em nossa terra, vem e abençoa-nos com tua formosura. Formosura de criança frágil que traz dentro do peito o sonho do afeto e a força do cuidado para com a mãe terra. Amém.

Deus de amor, mãe consoladora, teu sopro de vida já fecunda nossas esperanças, vem e abençoa-nos com a verdade de tua beleza. Beleza de uma porta abrindo-se em mais saídas. Beleza da última onda que o fim do mar sempre adia. Beleza das ondas em sua adição infinita. Amém.