A trágica e teatral guerra no Oriente Médio

19 de Noviembre de 2023

[Por: João Vitor Santos | IHU On Line]




A polarização dos debates destes nossos tempos das redes sociais digitais é um dos principais entraves para que se compreendam mais profundamente os conflitos no Oriente Médio e a atual guerra que temos visto. Para o professor Paulo Visentini, o teatro de horrores na Faixa de Gaza é a ponta de um complexo iceberg de tramas geopolíticas. Por isso, antes de sentenciar qualquer opinião, ele esclarece: “os conflitos do Oriente Médio não possuem fundamentos religiosos ou étnicos, pois sua base histórica é a construção dos Estados Nacionais na região, em função do desmembramento do Império Turco Otomano no fim da I Guerra Mundial”.

 

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail ao Instituto Humanitas Unisinos – IHUVisentini classifica a guerra entre Israel e o Hamas como “trágica e, ao mesmo tempo, teatral”. “As Relações Internacionais são constituídas por imagens e percepções, e a guerra é a continuação da política por outros meios”, analisa. E detalha: “com o fim da Guerra Fria, houve a ilusão de que os EUA haviam ‘vencido’, podendo reafirmar sua presença na região. Hoje, se verifica que suas iniciativas eram ações táticas, sem estratégia consistente, e no IraqueSíria e Afeganistão houve derrotas, que levaram Washington a refluir da região para se concentrar contra a China”.

 

Além disso, o professor lembra que após a Guerra Fria “criou-se um vazio de poder, sem a prioridade das grandes potências, levando as potências médias da região a disputar o espaço, por razões de segurança, despontando três países não árabes: IsraelTurquia e Irã”. “As Revoluções Coloridas da Primavera Árabe destruíram ou enfraqueceram os regimes progressistas, mas a presença econômica da China na região e militar da Rússia na Síria criaram uma nova realidade. Ou seja, cada tentativa de ‘finalizar a História’ é sucedida por sua retomada em nível mais elevado”, explica.

 

Visentini também destaca a importância de romper com esse debate visceral das redes. É só assim que, minimamente, poderemos compreender o que se passa. E não adianta nos agarrarmos a conceitos que nos chegam como comida enlatada. É o caso do conceito de terrorismo. “O uso e abuso do conceito de terrorismo perturba a iniciativa dos estrategistas, assim como outros conceitos que se apoiam numa narrativa política manipulativa e sem concretude”, adverte o professor...

 

Confira a entrevista.

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