[Por: Eduardo Hoornaert]
Desde os inícios, o cristianismo histórico tem tido dificuldades em compreender o comportamento de Jesus para com as mulheres. Diversos trechos dos evangelhos demonstram admiração, mas ao mesmo tempo deixam transparecer estranheza. Os próprios apóstolos não entendem o modo como Jesus aborda as mulheres. Pedro, um de seus mais próximos companheiros, não tolera que uma mulher seja considerada apóstola em pé de igualdade com os homens, como se pode ler no evangelho apócrifo de Maria Madalena (Leloup, Y., O Evangelho de Maria, Vozes, Petrópolis, 1998). Por causa dessa e de outras dificuldades, o cristianismo histórico guarda uma memória precária e até deformada acerca do comportamento de Jesus diante das mulheres. Maria Madalena, a mais proeminente figura feminina do novo testamento, é sistematicamente maltratada nos sermões da igreja, até ser rebaixada à condição de prostituta e de pecadora arrependida. Essa criminalização simboliza na realidade o rebaixamento da figura da mulher em geral, na tradição cristã. Mas não é só a cultura cristã que desconsidera a mulher. A maioria das culturas é igualmente preconceituosa nesse ponto e ficaria igualmente escandalizada com Jesus, que apreciava o perfume e o afeto de uma mulher e que insistia em que a memória da ternura de uma mulher fosse preservada por onde quer que o evangelho fosse proclamado (Mt 26, 12). Essa memória sempre encontrou resistência no seio do cristianismo histórico, como provavelmente encontraria na maioria das culturas…
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