Gustavo Gutiérrez: servidor dos pequenos e téologo da libertação

14 de Noviembre de 2021

[Por: José Oscar Beozzo]






Gustavo coloca as raízes da teologia latino-americana na realidade pungente dos povos originários. 

 

Foi o impacto desta realidade que provocou o grito indignado de Anton de Montesinos, durante seu sermão no IV domingo do Advento, em dezembro de 1511. O sermão foi pregado na Ilha de Santo Domingo, do alto do púlpito da recém erigida catedral de La Española, a Primada das Américas, diante do vice rei das Índias, Diego de Colón, filho de Cristovão Colombo: 

 

“Todos estais em pecado mortal e nele viveis e morreis, pela crueldade e tirania que usais contra esta gente inocente. [...] Como os tendes tão oprimidos e fatigados, sem dar-lhes de comer, nem os curar em suas enfermidades, que dos excessivos trabalhos, com que os carregais, morrem, ou melhor VÓS OS MATAIS, para tirar e adquirir mais e mais OURO cada dia”?

 

Ao deus “ouro”, ao deus “capital”, ontem e hoje, são sacrificadas as vidas exploradas e espoliadas dos pobres, realidade nua e crua que Bartolomé de Las Casas OP denunciou em Cuba, na Guatemala, no México, onde foi nomeado bispo em Chiapas (1543-1550), para a diocese que hoje leva seu nome: San Cristobal de Las Casas. 

 

Sua memória foi honrada e atualizada no episcopado de Mons. Samuel Ruiz (1959-2000) e do seu bispo coadjutor, da ordem dominicana, Mons. Raúl Veras OP (1995-1999), todos dois amigos pessoais de Gustavo. Os dois bispos tiveram que enfrentar as mesmas calúnias e perseguições dos poderes econômicos, políticos e religiosos, como Las Casas, que aos seis meses, já havia sido expulso de sua diocese pelos “encomenderos” e potentados do lugar, por causa de sua defesa dos indígenas, de sua liberdade e dignidade. 

 

O dominicano Las Casas tornou-se inspiração crescente da vida e reflexão teológica de Gustavo, que fundou o Instituto Bartolomé de las Casas - Rimac e terminou por entrar ele mesmo para a Ordem dos Pregadores de São Domingos de Guzmão (1998), depois de quase quarenta anos, como padre diocesano da Arquidiocese de Lima (1959-1998).

 

Saltando do Caribe e do México para o Peru, Gustavo seguiu também os passos de Guamán Poma de Ayala, o “índio dibujante”, que saiu andando pelo mundo “en busqueda de los pobres de Jesucristo” e escreveu um arrasador libelo de acusação antropológica, social, política e teológica: “El diós de los españoles es el oro”. Para ele, os únicos verdadeiros cristãos naquelas terras do assim chamado “Novo Mundo” dos espanhóis, eram os indígenas sem direitos e explorados, os “os pobres de Jesus Cristo”…

 

Confira o artigo.

 

Imagen: https://revistaideele.com/ideele/content/gustavo-guti%C3%A9rrez-el-coraje-de-mirar-lejos 

 

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