Renato Russo: uma legião urbana de saudades!

23 de Octubre de 2021

[Por: Emerson Sbardelotti]




No dia 11 de outubro de 1996, a Música Popular Brasileira, o Rock Nacional, se despedia de uma de suas mais brilhantes estrelas: o compositor e cantor Renato Russo.

 

Escrever sobre Renato Russo não é uma tarefa fácil, pois a genialidade de suas letras, mesmo, 25 anos depois de sua Páscoa, são atemporais, afinal, Renato Russo, soube como poucos retratar o cotidiano dos jovens que nasceram nos anos 1970; hoje, adultos que se aproximam dos 50 anos e que tiveram suas vidas modificadas, transformadas, edificadas pela estética libertária da Legião Urbana. 

 

O velho ideal punk: “faça você mesmo”, se tornou mantra para toda uma parcela da população que sonhava com um país livre da ditadura civil militar (1964-1985), que sonhava com dias melhores, que sonhava com um mundo novo, melhor e possível.

 

A Legião Urbana, em suas duas fases de sucesso: Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Renato Rocha (Negrete) – que participou dos três primeiros álbuns – soube capitanear jovens e adultos e fazer com que suas canções atravessassem gerações, mantendo o frescor juvenil e a esperança, mesmo quando algumas músicas tinham um tom mais deprimido, apontando para o estado de espírito que envolvia Renato Russo.

 

Junto com Arnaldo Antunes e Cazuza, Renato Russo, compunha a tríade poética do que se apelidou de Rock Brasil, nos anos 1980 e parte dos anos 1990 (Cazuza faleceu em 7 de julho de 1990). 

 

Estive com Renato, Dado e Bonfá no Hotel Senac. Eles autografaram todos os meus discos de vinil. Na ocasião levei além dos discos, um compact disc (o famoso bolachinha) que tinha duas músicas do disco 1: Lado A: Será; Lado B: Teorema. Os três ficaram bem emocionados pois disseram que nem eles tinham mais um exemplar daquele. Renato lançara também o seu primeiro disco solo.

 

Tive a oportunidade de conversar longamente com Renato sobre literatura e cinema, enquanto jogávamos partidas de Totó. Ele estava feliz.

 

Foi a última vez que assisti um show da Legião Urbana: O Descobrimento do Brasil. Esse show aconteceu em 1994, no Ginásio Álvares Cabral, Vitória-ES. Como sempre, o Álvares Cabral ficou lotado, com pessoas do lado de fora que não conseguiram entrar no local. Ao se aproximar do final do show, como se fosse uma despedida, Renato pediu para ligarem as luzes do Ginásio: ele queria ver as pessoas e dizer que amava fazer shows no Estado do Espírito Santo; e a banda tocou umas três canções com as luzes acesas. Lembranças boas de um show inesquecível. 

 

25 anos depois, não temos mais Renato Russo, não temos mais Negrete, nem o Ginásio. Eu não tinha câmera fotográfica, não existia celulares com câmeras; portanto, estes momentos ficaram registrados nos autógrafos, na minha alma e no meu coração.

 

Nos 30 anos do álbum 1 da Legião Urbana, assisti o show no João Rock, em Ribeirão Preto-SP... Bonfá e Dado seguem tocando e cantando aquelas mesmas canções que nos emocionam em cada frase, em cada acorde. É claro, Renato não está ali fisicamente, mas estão as músicas, elas compõem a mística que envolve a Legião Urbana. A saudade é grande, e as lágrimas jorram fácil dos olhos acostumados a verem aqueles quatro, aqueles três, aqueles dois juntos.

 

25 anos depois ainda me emociono quando leio, quando escuto ou quando tento cantar aqueles versos que dizem:

 

Venha, meu coração está com pressa

Quando a esperança está dispersa

Só a verdade me liberta

Chega de maldade e ilusão.

Venha, o amor tem sempre a porta aberta

E vem chegando a primavera

Nosso futuro recomeça:

Venha, que o que vem é perfeição.

 

Valeu Renato, por tudo.

Força sempre!!!

 

Emerson Sbardelotti

Simplex agricola ego sum in regnum vitae.

 

Foto de arquivo pessoal.

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