Refletindo aqui com os meus botões

16 de Octubre de 2021

[Por: Emerson Sbardelotti]




29º. DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B – 17/10/2021

 

Leituras:

Primeira: Is 53,10-11.

Salmo Responsorial: Sl 32(33).

Segunda: Hb 4,14-16.

Evangelho: Mc 10,35-45.

 

A profecia de Isaías, tirada do quarto canto do servo do Senhor nos diz que Deus é portador de vida, de amor e de esperança. Ele é contra o sofrimento, ele não quer ver nenhum de seus filhos e filhas sofrendo. Essa perícope retrata o servo torturado que luta pela libertação do povo oprimido e se oferece para ser sacrificado em nome deste povo, para que os pecados de todo o povo sejam perdoados, fazendo jorrar assim a justiça, que acabará com todas as estruturas que nos fazem pecar, estruturas que matam impunemente.

 

Esta profecia será entendida pelos primeiros cristãos como realização da Palavra de Deus em Jesus de Nazaré, que foi assassinado e pregado numa cruz, porém, ressuscitou e ascendeu aos céus e está à direita do Pai; Ele venceu as estruturas de pecado e de morte, e nós, como seus herdeiros e herdeiras, somos chamados a manter viva esta missão contínua pela prática da justiça, contra toda e qualquer forma de opressão e de violência.

 

O salmo deste domingo é um hino de louvor, que interpreta a história e a natureza como revelação divina. Deus está presente em tudo o que fazemos na vida, inclusive nas contradições. Confiar na Palavra de Deus é o mais certo a se fazer.

 

O salmo certamente nasceu num dia de festa, no Templo de Jerusalém. Parece ser recente, pois só durante a pós o exílio na Babilônia (o exílio terminou em 538 antes de Cristo) é que Israel começou a refletir sobre o Deus criador. Neste salmo há duas características fortes de Deus: ele é o Criador e o Senhor da história. Não é somente o Deus de Israel, mas de toda a humanidade. Este salmo nos apresenta o Deus que deseja justiça e direito no mundo inteiro, e não somente em Israel. Deseja que o mundo inteiro o tema e experimente o seu amor. Ele tem um plano para toda a humanidade e quer que esse plano se concretize. O salmo sugere que louvemos a Deus pelas coisas criadas, pois sua obra é reflexo de sua fidelidade; que o louvemos por sua presença e ação na história, construindo com a humanidade uma sociedade marcada pelo direito, justiça e amor; sugere que descubramos lugares novos em que Deus manifesta sua fidelidade e, por isso, o louvemos.

 

O trecho da carta aos Hebreus expõe sua mensagem central: Jesus de Nazaré é o único mediador entre as pessoas e Deus. Foi por causa da solidariedade de Jesus para com a humanidade, por causa da sua compaixão para com a humanidade, que podemos nos aproximar da misericórdia de Deus, que podemos sentir Deus como Mãe que acalenta seus filhos e filhas, principalmente, quando erramos.

 

Permanecer no erro não é uma opção, é preciso reconhecer que o seguimento a Jesus de Nazaré, faze-nos missionários e missionárias no meio do povo, dentro das lutas do povo, por isso, precisamos trabalhar sempre, todos os dias de nossas vidas, a solidariedade, ela é a única que constrói a humanidade.

 

No Evangelho deste domingo, precisamos responder hoje: o que significa seguir Jesus de Nazaré? 

 

Significa servir sem buscar nenhum reconhecimento, podemos dizer de imediato. A Igreja em saída proposta pelo Papa Francisco exige de nós um posicionamento cada vez mais profético, cada vez mais samaritano, cada vez solidário, cada vez mais na direção dos pobres, cada vez mais no meio dos pobres. A Igreja em saída, discípula, missionária, é uma igreja em que os dons/carismas estão a serviço de todas e todos. A partilha deve ser o maior poder. Estar a serviço é exercer o poder.

 

Se o poder está nas mãos de poucas pessoas na comunidade, na paróquia, na diocese, sobra a busca por privilégios e falta o Evangelho.

 

Nós temos a mesma coragem de Jesus de Nazaré? Beber do cálice e ser batizado como o batismo que ele será batizado? A cruz!?

 

A busca de poder gerou descontentamento nos demais discípulos. É que a procura de privilégios sempre gerou e continuará gerando conflitos na sociedade. E o poder não assumido como serviço acaba dividindo e discriminando. Os dez estão revoltados porque os dois foram mais corajosos em pedir. Todos têm algo em comum, a busca por poder e privilégios.

 

Jesus esclarece as coisas. A Igreja dele não é construída com a imposição de quem está acima, mas com o serviço prestado pelos que se situam embaixo. Não cabe nela hierarquia alguma entendida como honraria ou dominação. Tampouco métodos nem estratégias de poder. O serviço é que constrói a Igreja de Jesus. Na Igreja precisamos ser fiéis seguidores de Jesus, não de imitadores de Tiago e João. Quem quiser ser importante ponha-se a trabalhar e a colaborar.

 

Uma pergunta para reflexão individual e comunitária: Como seguir a Jesus de Nazaré num país em que 600 mil pessoas perderam suas vidas por causa da incompetência e displicência de um governo federal em não realizar uma campanha de saúde mais robusta contra o avanço da COVID-19?

 

Emerson Sbardelotti

Simplex agricola ego sum in regnum vitae.

 

Arte de Cerezo Barredo

 

Notas:

 

1 BORTOLINI, José. Conhecer e Rezar os Salmos – comentário popular para nossos dias. 5. reimp. São Paulo: Paulus, 2013, p. 141-143.

2 BORTOLINI, José. Roteiros Homiléticos – Anos A, B, C, Festas e Solenidades. 5.ed. São Paulo: Paulus, 2010, p. 469.

3 PAGOLA, José Antonio. A Boa Notícia de Jesus – Roteiro Homilético – Anos A, B e C. Petrópolis: Editora Vozes, 2019, p. 233-234.

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