Dos trabalhos da Igreja ao Sínodo dos bispos

04 de Julio de 2021

[Por: Joaquim Armindo]




Não vou dizer que os trabalhos dimanados de Roma são muitos, não vou dizer isso, mas que são tantos, isso é verdade. Estamos em pleno ano de São José, vivemos já a dinamização das Jornadas Mundiais da Juventude, temos à porta a preparação do Sínodo dos Bispos, vamos ter a grande reestruturação da Cúria Romana e ainda sete anos da encíclica “Louvado Sejas”, com as outras exortações em andamento. 

 

Se existe uma falta assinalável de presbíteros, parece que de bispos ainda vamos tendo, só veremos todos os trabalhos a efetuarem-se por quem tem sido esquecido: os diáconos e o Povo de Deus. Os diáconos não deixam – pelo menos em Portugal –, de serem amarrados pelos senhores padres, o Povo de Deus, quando quer saber da Igreja, é nos batismos, nos casamentos e nos funerais. Se já para termos uma Igreja em manutenção, só em manutenção, o trabalho é muito, então para engajar e ouvir aqueles e aquelas que vão à Igreja por uma questão de cumprimento de um dever, pergunto-me a mim se existem condições para tal.

 

A revitalização da Igreja faz-se ao lado do povo, e este, este sim, tem capacidade de gerar evangelho que seja uma mensagem espiritual que leve a igreja cristalizada de “manutenção” – e às vezes nem isso –, à Igreja Viva de Jesus de Nazaré. 

 

Se as Jornadas Mundiais da Juventude são uma realização prioritária, até porque os mais jovens, nada querem com uma igreja fossilizada, que ainda não reconhece o direito da comunhão eucarística – o centro da vida cristã –, aqueles que têm um segundo casamento, nem reconhece que o amor pode existir entre pessoas do mesmo sexo, vamos para um grande encontro de jovens cristãos que serão milhares, mas com a certeza do que eles pensam da igreja, não é isso que a hierarquia quer e pensa; quererão fazer desta jornada um festival – e seja –, mas com o sentido de que uma grande percentagem de jovens vem na sua espiritualidade, que não é igual à da igreja instalada. 

 

O Sínodo dos Bispos que será participativo, pelo menos este, e que vai discutir o que será o “Sínodo dos Bispos”, terá uma função que começa este ano com a sua abertura em todas as dioceses do mundo, e que poderá ser, certamente, embora condicionado, o grande ímpeto desde o Concílio Vaticano II. Ao querer ouvir todas as cristãs e todos os cristãos, Francisco tem sobretudo em mente que é nestes que sopra o Espírito do Senhor. 

 

Aquele, porém, é um trabalho sinuoso e só vão ser ouvidos aqueles e aquelas – estas menos –, que as hierarquias quiserem, ou então que trabalham continuamente na igreja como peças de sacristia. A hierarquia vai sobrepor-se ao pensamento livre e democrático dos cristãos. E se seria muito bom que outras igrejas cristãs e não cristãs e os ateus fossem ouvidos, isso não irá acontecer, pelas experiências que temos. Será a reforma do Cardeal Robert Sarah, com um regresso à idade média e cruzadas contra todos os que não pensarem como ele. 

 

É necessário a mobilização dos cristãos para colaborarem ao lado dos bispos, e não atrás, e estarem também presentes no Sínodo, como as mulheres também. Mas não como “Jarras de Flores”, que podem ser muito bonitas, mas só enfeitam e desarmam a verdadeira reforma que a igreja católica romana deve querer. Será demais pedir que reconheçamos o erro cometido de não ouvir Martinho Lutero nas suas 99 teses? São estas e outras questões que devem ser resolvidas em comunhão fraterna e humilde atenção.

 

Tenho cá para mim, que a atenção que a “base da igreja”, constituída hoje só pelo clero e muitíssimos poucos leigos, é que dará os seus consentimentos ao pensamento livre dos cristãos. No Sínodo da Amazónia tivemos um exemplo de como se ouve ativamente, mas depois não se leva à prática o que se disse, embora se reconheça que o bispo de Roma, papa Francisco nada teve a opor às suas conclusões. Estarão implementadas? Terão que ser implementadas porque as audácias dos povos amazónicos bem sabem que não poderão passar sem eucaristia meses e meses.

 

Sobre a boa encíclica Laudato Si`, falarei em próxima ocasião. 

 

Tenho muita Esperança de que a Igreja Católica Romana há de perceber o que o Senhor Jesus, que todos confessamos, requer para este século XXI. 

 

Joaquim Armindo

Pós – Doutorando em Teologia

Doutor em Ecologia e Saúde Ambiental

Diácono – Porto - Portugal

 

Imagem: https://jesuitas.lat/noticias/15-nivel-2/4342-documento-final-del-sinodo-de-los-obispos-sobre-los-jovenes-la-fe-y-el-discernimiento-vocacional 

Procesar Pago
Compartir

debugger
0
0

CONTACTO

©2017 Amerindia - Todos los derechos reservados.