A bandeira será vermelha sim!

25 de Junio de 2021

[Por: Emerson Sbardelotti]




Participei das manifestações FORA BOLSONARO no dia 29 de maio em frente ao MASP, na Avenida Paulista, em São Paulo, e no dia 19 de junho em frente a UFES, em Vitória-ES; penso, que a distância de um ato para o outro deva ser menor nos próximos atos que virão, justamente para manter acesa nos militantes e nas militantes a vontade de tomar as ruas novamente e com isso levar mais pessoas. Não vi nenhuma pessoa sem máscara, sem estar usando álcool em gel, e por incrível que pareça, mantendo um distanciamento possível.

 

Não é um estouro de boiada como alguns dentro da própria esquerda estão dizendo, mas é um ato revolucionário, até porque o gado depois de criado, engordado, ferrado com fogo, é morto; nós, pelo contrário, estamos bem vivos e vivas e vamos continuar invadindo as ruas para pressionar os parlamentares a derrubarem o desgoverno que aí está. Viver é muito perigoso, diria Guimarães Rosa, porém, viver é dádiva e revolução!

 

Nestas manifestações, o que vi, o que ouvi, o que senti, foi maravilhoso, foi a esperança renascendo, foi o desejo sincero de mudança de atitude de uma parte da população brasileira que até aquele instante resistiu: resistiu seguindo os protocolos de saúde da OMS, resistiu fazendo distanciamento social, resistiu fazendo suas orações e rezas dentro de casa, em família. Agora, no entanto, é o momento do enfrentamento. 

 

Enfrentamento não-violento, que se dá na cor vermelha da bandeira e das camisas que invadiram as avenidas por todo o país, e isso deixa os grandes meios de comunicação e as elites em completo desespero, pois desde o golpe contra a presidenta Dilma, fazem ecoar aos quatro cantos o bordão: “nossa bandeira nunca será vermelha”. De fato, a atual bandeira nacional não foi criada pela maioria da população brasileira: discriminada, empobrecida, excluída, foi pensada nos escritórios das elites, não nasceu de uma aclamação popular, foi empurrada garganta abaixo. O verde e o amarelo são cores usadas por governos fascistas, por movimentos fascistas, de ontem e de hoje.

 

Não há uma frase mais falsa do que essa de que nossa bandeira nunca será vermelha. Ela já é vermelha, pois está encharcada com o sangue de mais de 500 mil vítimas da COVID-19, mortes oriundas dessa necropolítica e dessa economia da morte que vigora no Brasil, com apoio das elites, de algumas igrejas.

 

Para quem não sabe ou desconhece a história da humanidade:

 

A bandeira vermelha apareceu pela primeira vez na COMUNA DE PARIS (1871), depois disso passou a ser associada ao comunismo e ao socialismo; no século XX e agora no século XXI, para as cristãs e os cristãos engajados nas lutas sociais na defesa constante da vida, a bandeira vermelha representa o sangue derramado das mártires e dos mártires das causas do Reino, da caminhada latino-americana e caribenha. Sangue que continua adubando o chão de Nuestra América e fortalecendo os militantes e as militantes na luta diária. Não se esqueça: com o sangue de mártir não se deve brincar!

 

Não usarei nada que tenha verde e amarelo, muito menos camisa da seleção brasileira, pois para mim são símbolos de morte, símbolos de pessoas que comungam com a necropolítica vigente. Há pessoas famosas e não famosas, dentro da esquerda brasileira, que insistem nesta tese de que a bandeira verde-amarela-azul-branco deva ser resgatada nas manifestações. Nós já perdemos essa bandeira. Se um dia ela chegou a significar alguma coisa para a esquerda, hoje em dia, é um símbolo da direita raivosa, que quer a todo custo tomar para si as manifestações, como fizeram em 2013, ao gritarem que não queriam bandeiras vermelhas nas manifestações, ou bandeiras de partido. Há pessoas famosas e não famosas que insistem na tese de dar voz e vez para essa “gente arrependida”; é um erro, um grande erro, pois na primeira oportunidade esse gado marcado a ferro e fogo irá trair a esquerda. Eles e elas sempre fizeram isso.

 

A manifestação do próximo dia 24 de julho de 2021 (ainda acho muito longe diante de tudo que está acontecendo no Brasil) tem que continuar a ser vermelha, uma grande onda vermelha sobre todas as avenidas das capitais que terão manifestações. Não tem que se dar ouvido a essa gente que vem pedir para tirar bandeiras vermelhas, mesmo que essa gente seja da própria esquerda para dar lugar a bandeira nacional. A imprensa golpista está doida para publicar uma foto, feita por um drone, de ruas repletas de verde e amarelo. Estejamos atentos e atentas: isso é mais um golpe contra a democracia, e principalmente, contra os partidos de esquerda. 

 

A bandeira nacional continuará a ser a que conhecemos; porém, a bandeira da revolução não-violenta em favor da vida, de todas as vidas, gostem ou não gostem, será a vermelha, pois é a cor que representa o sangue de guerreiros e guerreiras que vieram antes de nós que corre em nossas veias.

 

Viver é perigoso, mas é um ato revolucionário!

 

A BANDEIRA SERÁ VERMELHA SIM!

 

 

Emerson Sbardelotti

Simplex agricola ego sum in regnum vitae.

 

Foto da internet.

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