Este natal será diferente!?

23 de Diciembre de 2020

[Por: Emerson Sbardelotti]




Estamos nos aproximando da terrível marca de 200.000 pessoas infectadas com o COVID-19. A Peste se alastra por todo o Brasil e nada tem sido efetivamente feito pelos governos federal, estadual e municipal para que os efeitos sejam diminuídos. 

 

O mundo se prepara para vacinar as pessoas, há países comprando doses a mais, para que possam doar para outros países sem condições de imunizar toda a sua população, num gesto de solidariedade universal, de ética mundial; porém, aqui no Brasil, os passos nesta direção são pequenos, lentos e sem vontade. 

 

Estamos assistindo calados a um genocídio em massa!

 

Por medo ou por cautela, não estamos indo para as ruas para reivindicar uma política pública que beneficie a imunização de toda a população brasileira sem destruir o Sistema Único de Saúde, como é o desejo do desgoverno atual. Não há a nível nacional um movimento de resistência eficaz em torno da vacina contra o COVID-19. As pessoas continuam se deixando levar por fake-news que tentam desestabilizar a todo custo a importância do Brasil investir e comprar todas as vacinas que forem feitas contra o COVID-19 e exigir a sua obrigatoriedade a toda população brasileira, a mentira mais recente saiu da boca daquele que deveria governar a nação, mas só sabe aumentar o caos: “Quem tomar a vacina vai virar jacaré”

 

Para se ter uma ideia da bizarrice que assola o país, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, pessoas estariam vendendo uma falsa vacina contra o COVID-19. O produto custa R$ 50,00 (cinquenta reais) com direito a certificado e aplicação na hora se a pessoa quiser, porém, ficando 10,00 (dez reais) mais caro.

 

A coisa tende a piorar com o passar dos dias e com a demora em se investir numa vacina eficaz, e a produzir conteúdo midiático alertando que a Peste não está para brincadeira, ela mata sem pena, ela mata sem dó.

 

Em São Paulo, segundo relatos e denúncias feitas pelo padre Julio Lancellotti, em suas redes sociais, existe uma verdadeira crise humanitária, onde as pessoas em situação de rua são as mais vulneráveis.

 

Enquanto isso, as pessoas lotam as praias, lotam os bares, lotam as feiras, lotam os shoppings, tudo sem máscara, sem distanciamento social, sem tomarem o cuidado mínimo para se protegerem. Muitos, muitas, acreditam que se trata apenas de uma “gripezinha e que já pegaram uma vez e estão imunizadas”. Essas mesmas pessoas não estão preocupadas com o bem viver das outras pessoas, querem aproveitar ao máximo suas vidas, não percebem que com tal atitude contribuem para um sistema de morte.

 

Enquanto teólogo tenho agido de acordo com o Evangelho, mostrando sua alegria, sua esperança, sua misericórdia, sua justiça, seu amor. Principalmente o amor ao próximo, o amor ao diferente. É um amor sem amarras!

 

As pessoas nesta Pandemia deixaram vir à tona muita intolerância, muita discriminação, muito preconceito, muito fundamentalismo e fanatismo. Ao invés de partilharem o que há de melhor dentro delas mesmas, preferem alimentar e divulgar um ódio sem precedentes. É este ódio que impedirá tais pessoas de viverem em plenitude o Natal do Mestre de Nazaré.

 

Este Natal será diferente!?

Será sim!

 

Será a oportunidade única de rezarem ao redor da mesa onde almoçam e jantam todos os dias, rezando um roteiro do Ofício Divino das Comunidades próprio do Natal, ou apenas puxando uma oração brotada do coração, com suas árvores de Natal iluminadas, ou com velas acesas. É a experiência das Primeiras Comunidades Cristãs, ao rezarem nas casas, mantendo viva a chama da união Fé e Vida. Para estas pessoas, que desde março, experimentam o reencontro com elas próprias e agora poderão, tomados todos os cuidados, se abraçarem e se beijarem, comemorando o nascimento de Jesus de Nazaré dentro delas e deles.

 

Nós que defendemos a Vida, passamos o ano de 2020 aprendendo a Espiritualidade do Olhar.

 

É aquela espiritualidade que nasce do encontro de nossos olhos sobre as máscaras que cobrem nossa boca e nosso nariz. Aquela que identifica no fundo os sentimentos que estamos experimentando através do olhar. É um exercício de percepção do outro, sem tocar o outro, apenas respondendo ao que o olhar nos diz a respeito do que está se passando em nossas vidas.

 

A Espiritualidade do Olhar é sentir a outra pessoa a partir do olhar dela.

 

Os antigos diziam que os olhos são a entrada para a alma do ser humano. Não é fácil ler o ser humano apenas pelo olhar, porém, com a Peste, foi preciso se reinventar e aprender a sentir a beleza e a ternura, a misericórdia e a paz de Deus a partir do olhar da irmã e do irmão que infelizmente, não pode dar ou receber um abraço.

 

A frase “Eu vejo você!” corresponde muito bem aquela frase antiguíssima: “Eu amo você!”. É esta frase que define uma Espiritualidade do Olhar: “Eu vejo você!”. É ver, é enxergar, é olhar a pessoa por inteiro, na grandeza de sua integridade e humanidade. Isso se dá, ou pelo menos, começa, quando a gente procura olhar a outra pessoa nos olhos. Como diria Chico Buarque: “Olhos nos olhos, quero ver o que você faz...Olhos nos olhos, quero ver o que você diz...”.

 

Em um post, numa rede social, Leonardo Boff resumiu o sentimento de muitas pessoas neste momento obscuro em que vivemos: “Neste Natal sob a regência de um Herodes nacional não é adequado festejar. Celebrar sim a inversão que Deus fez à nossa lógica: Todo menino quer ser homem. Todo homem quer ser rei. Todo rei quer ser “Deus”. Só DEUS QUIS SER MENINO. Um Natal a todos/as com discreta alegria familiar”.

 

Que o Deus da Vida faça você muito feliz.

 

Que o Menino Deus encha os seus dias de esperança e de força para se manter firme na missão de defender a Vida.

 

Um Santo Natal em Família!

Feliz 2021 com vacina e cura!

Abreijos com Fraternura!

 

Emerson Sbardelotti 

Simplex agricola ego sum in regnum vitae.

 

 

Arte-Vida de Cerezo Barredo

 

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