Podres poderes

03 de Setiembre de 2020

[Por: José Neivaldo de Souza]




O contexto político-religioso-econômico, no qual vivemos, nos faz perguntar sobre que tipo de crença ou fé professamos. Em que Deus acreditamos? De que Deus somos idólatras ou ateus? Este tipo de confusão aparece quando o “Poder” se coloca como justo, verdadeiro e bom, fazendo-nos crentes de ideologias interesseiras. 

 

Justino de Roma, filósofo do segundo século d.C., nos ajuda a clarear a confusão na qual fomos colocados. Vivendo sob o Império Romano, sua conversão se dá ao perceber, de forma clara, as ilusões do Poder. Á luz das Palavras de Jesus, entendeu que não deveria haver contradição entre “Poder” e “Servir”. Esta divisão se dá pela ganância e imposição da força de poucos sobre a fraqueza da maioria. 

 

Justino traz à luz o ensinamento de Jesus sobre o “Poder”. Em relação ao religioso, Jesus propõe a espiritualidade do servo: “Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos" (Mc 9,35). Quantos líderes religiosos, hoje, são ateus do verdadeiro Deus e idólatras dos mitos e heróis que se colocam acima do bem e do mal? Ao “Poder” político a crítica de Jesus é severa: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21). Quantas negociatas em favor de leis que legitimam a corrupção! Jesus foi enfático ao “Poder” econômico: "Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro" (Mt 6,24). 

 

Em Sua Apologia (1. 6,1 e 2) Justino esclarece alguns equívocos nos quais somos envolvidos: por que somos chamados de ateus, vivendo o Cristo, e não são idólatras os que, em nome de Deus, se colocam como “Senhores” da verdade e abusadores do “Poder”? Para Justino, quando se trata de adorar esses deuses, não devemos nos preocupar se somos chamados de “ateus”, pois esses “idólatras” não são chamados como tal. É pura nomenclatura! Escreveu: “... somos chamados de ateus; e, tratando-se desses supostos deuses, confessamos ser ateus”. Em qual Deus confiar? Justino enfatizava os valores e virtudes divinos apresentados em Jesus e nos profetas: “... Deus verdadeiríssimo, pai da justiça, do bom senso e das outras virtudes, no qual não há mistura de maldade”.

 

Observando a corrupção que reina no Brasil e em outros países da América Latina, com o aval dos “Poderes”, que deveriam se colocar a serviço do povo, perguntamos se o “nome” de Deus não é apenas um engodo teórico para justificar a injustiça, a ignorância, o ódio e as maldades da elite que se diz “dona” dos bens da criação. Deste deus sejamos ateus, pois dele os idólatras se alimentam. Ao “Poder” que não serve, que busca suprir a ganância própria e dos seus, cabe chamá-lo de “Hipócrita” ou idólatra de si mesmo.

Imagem: https://es.wikipedia.org/wiki/Justino_M%C3%A1rtir       

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