Pensar dignifica

25 de Junio de 2020

[Por: José Neivaldo de Souza]




Preocupa-me a ideologia do pensamento único. É uma forma de exercer o poder, pois ele se impõe com a finalidade de domesticar ou alienar indivíduos ou pessoas às suas próprias certezas. O pensamento é livre e, por isso, é imprescindível o respeito à sua identidade plural pois é daí que surgem bens comuns à sociedade como: democracia, participação criativa e diálogo.

 

A uniformização do pensamento esconde algumas artimanhas. Cabe aqui ressaltar uma: a artimanha do verdadeiro. O que é a verdade? Quando se trata de adaptar o pensamento a uma determinada visão de mundo, ligada ao poder, seja ele político, religioso ou econômico, é justo que esta postura seja questionada: o que é o bem e o mal? O certo e o errado? A quem interessa este encaixe, se a história e a ciência o contradizem? Sujeito ao fanatismo, quem adere a esta alienação, abre mão de sua liberdade em favor de uma liderança que dita qual a verdade a seguir. Qual é a verdade que liberta? A canção “Menino”, na voz de Milton Nascimento expressa bem esta atitude: “quem cala sobre o seu corpo, consente pela sua morte”. 

 

Plural sem ser banal, o livre pensamento não se deixa engessar, procura agir de forma aberta, na certeza de que não possui a última palavra. Tudo passa! Ele se deixa transformar pela ação libertadora do diálogo, na mesma proporção em que busca transformar a realidade onde atua; consciente de sua fragilidade, de sua dimensão plural, aceita as ideias contraditórias sem que, por isso, se obrigue a eleger uma como falsa. Concordo com o autor de O Pequeno Príncipe: “só conheço uma liberdade: a liberdade do pensamento”. 

 

Observando o campo minado da internet, percebo que, apesar da liberdade de expressão, a massa tende ao pensamento único, isto é, foge do bom pensamento, do qual dizia Pascal “funda a dignidade humana”. Rubem Alves diria que “O pensamento são as asas que Deus nos deu. Assim, tudo aquilo que proíbe o voo libre do pensamento é contrário ao nosso destino. A questão não é pensar certo ou pensar errado. Afinal, quem sabe o que é certo e o que é errado?” É esta liberdade de pensamento que canta o Cidade Negra:  

 

“E o pensamento é o fundamento
Eu ganho o mundo sem sair do lugar”. 

 

 

Imagem: https://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Rodin,_El_Pensador-2.JPG

 

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