Razões para viver

28 de Mayo de 2020

[Por: José Neivaldo de Souza]




Não basta viver, a vida tem que valer a pena! Tenho repensado minha teologia, não cabe em minhas reflexões o dogmatismo eclesial, bíblico e religioso, convicções que se colocaram como prioridades e pelas quais não vale a pena morrer. Aprendi com Nietzsche que as convicções, verdades justificadas por motivações irracionais, são mais nocivas à verdade do que os erros bem pensados. Por convicções se acendem fogueiras, planejam crimes e cometem injustiças. Galileu Galilei sabia disso e talvez, diante do tribunal da inquisição, tenha pensado como o pirata Jack Sparrow: “o mundo continua o mesmo, só há menos razões para viver”.  

 

Há razões para viver se a vida está impregnada de verdade, de bondade, de liberdade. É isso! Valores que se colocam como estética do espirito e constituem a essência divina Jesus, o Cristo: “Só Deus é bom” (Mc 10,17a); “Conhecerão a verdade e ela os libertará” (Jo 8,32). 

 

A verdade não separa a fé da razão; a religião da ciência. Para ela tudo converge. Os que, em nome de Deus, trabalham para a divisão, possuem a uma visão turva acerca do que é realmente essencial à vida. A estes que repetem, de forma desconectada a escritura (Jo 8,32) a fim de fazer valer os próprios interesses, sugiro Clarice Lispector que detestava viver do que é passível de fazer sentido. A verdade deve ser inventada”. 

 

Sobre a Bondade, São Paulo orientava a comunidade romana (Rm 14, 1) a acolher os fracos na fé, os que se julgam salvos e consideram somente as próprias convicções: “acolhei o fraco na fé, com bondade, sem discutir as suas opiniões”. A bondade paulina não é farisaica ou aparente, daquelas “que se acha no inferno”, como dizia Charles Bukowski, mas uma bondade que faz o coração se derramar de compaixão. 

 

A liberdade. As palavras de João (8,32) ajudam a entender que a liberdade está ligada à verdade. Leon Tolstoi, de forma poética, intuiu que a liberdade só pode ser alcançada na busca da verdade. Concordo! Liberdade, não é um fim, é uma consequência. 

 

Numa cultura, em que a banalidade da morte parece aceitável, é sábio recordar Dom Helder Câmara para quem a teologia é uma arte. Por ela buscamos, com liberdade, a verdade sobre a graça divina. Por meio dela enxergamos o invisível e nos propomos construir pontes. Rubem Alves, mais uma vez, diria: “O olho vê aquilo que o coração deseja. Quando o desejo é belo, o mundo fica cheio de luz, mas quando o desejo é ruim, o mundo se entristece...”.

 

 

Imagem: https://filosofia.nueva-acropolis.es/2010/el-arte-de-vivir/ 

 

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