23 de Abril de 2020
[Por: José Neivaldo de Souza]
Só quem se beneficia do sistema capitalista ou é alienado a este modelo de vida não percebe o abismo existente entre ricos e pobres. Não é o meu objetivo mostrar um lado inocente do pobre, mas mostrar que neste sistema não tem espaço para a equidade social. O que resta aos injustiçados não é quebrar a padaria em busca de pão, mas, reivindicar que a padaria forneça a mesma qualidade de pão a todos. Para que isso aconteça é preciso formar uma consciência crítica capaz de enxergar as injustiças e se opor a elas.
Marx e Engels havia observado, em Ideologia alemã, que a capacidade de produzir do ser humano depende das condições matérias, o problema se estabelece na relação trabalho assalariado e capital. Este modo de produção aliena se impondo como a melhor forma de existir. O sentido do trabalho humano é invertido e, através daqueles que dirigem este sistema, criam-se leis que garantam direitos a poucos, detentores dos meios de produção, sobre uma classe obrigada a vender o seu único bem: a mão de obra. Quanto mais mão de obra disponível no mercado, mais desigualdade social.
O capitalismo neoliberal é ainda mais perverso. Ligado às grandes corporações financeiras, não garante estabilidade econômica. Defende o livre mercado e a restrição do Estado, de maneira a defender como um bem a privatização dos bens e serviços públicos. Nesta ideologia, ciência, saúde, educação, segurança e outros serviços, são desestruturados e empresas sucateadas. Em outras palavras, dependendo do tipo de governo, esta destituição do Estado, favorece grandes empresários nacionais e internacionais e a crença nesta doutrina.
O capitalismo alimenta a desigualdade social e a exploração do trabalho humano e da natureza como aparece em relatórios sobre o aumento desenfreado da fortuna dos mais ricos e do empobrecimento dos que nada possuem. 2.153 bilionários no mundo possuem uma fortuna que supera 4,6 bilhões de pessoas e o Brasil reflete este contexto quando nos deparamos com a lista dos 10 maiores bilionários brasileiros numa realidade de 13, 5 milhões de miseráveis. No relatório da ONU, sobre o Índice de Desenvolvimento Humano, o Brasil cresce em falta de educação de qualidade, desleixo com o sistema de saúde, injustiça salarial e falta de uma política fiscal que vise a favorecer os mais necessitados da sociedade.
O governo brasileiro, na figura do presidente, insiste em reformas que tiram os direitos conquistados pela classe trabalhadora e isso favorece, e muito, aos empresários e especuladores mais ricos do nosso país. Uma postura consciente e crítica, diante da crise econômica atual, reivindica uma reforma fiscal mais justa com tributação das grandes fortunas. Ajudaria, principalmente neste momento de desmonte da saúde pública, o dízimo dos 60 bilionários que acumulam um montante de 180 bilhões de dólares.
Imagem: https://www.analitica.com/opinion/el-debate-de-la-desigualdad-social-vs-capitalismo-comunismo/
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