A gente aprende e desaprende

06 de Marzo de 2020

[Por: José Neivaldo de Souza]




A gente aprende, com o tempo e tem coisas que só ele ensina, que a mudança de hábitos é uma coisa boa. Há hábitos que são cárceres! Tenho péssimos hábitos e o pior deles, lembrando Clarice Lispector, é “fugir de algumas coisas que amo”. Amo a liberdade! Sobre isso não consigo escrever muito, talvez algumas palavras sobre convicções e realizações.   

 

A gente desaprende, e foi Nietzsche que ensinou: não precisamos de correntes. Há convicções que, por puro hábito, são mais nefastas à verdade do que as mentiras; elas nos prendem, nos cegam e nos dissuadem da verdade. Portas foram abertas para que caíssemos nesta falsa segurança; não foram destinadas a nós e tampouco nos pertencem. Tudo passa! Talvez as únicas convicções que nos tornam livres sejam a consciência dos próprios limites e a certeza de que somos amados, independente dos rótulos que pesam sobre nós. Apesar das dificuldades, vale a pena dizer não ao hábito das convicções. Ele é o pai da ingenuidade! O sábio Confúcio ensinou: “não deixe para vencer o mau hábito amanhã, é preciso derrotá-lo agora”. 

 

A gente desaprende, e foi Mahatma Gandhi que ensinou: não precisamos nos encaixar às realizações que se nos apresentam, como se não existisse vida fora delas. Vivemos como dá, curados ou não! É difícil dizer não ao hábito do encaixe, mas não é impossível. Passamos a vida sacrificando pessoas e coisas sem entender que é o nosso próprio ser que está em jogo. Urge aceitar a leveza de uma vida simples e a liberdade que a verdade nos traz; abandonar as cargas, carregadas durante anos, que nos instigam sempre a voltar atrás. Perdemos tempo procurando encaixar pessoas e coisas à nossa parca e limitada visão de mundo e vice-versa. Alimentamos a dependência e a tratamos como liberdade, mas a alma, como uma borboleta, deseja voar. Rubem Alves escreveu: “Há um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose”. 

 

 

A gente aprende a não forçar a barra; a não insistir com ninguém; a não cobrar coisas que não podemos oferecer. Às duras penas... recordo Terêncio, filósofo romano: por hábito cometemos maldades e injustiças com a convicção de que a maior realização está em ser um cidadão de bem.  

 

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