El respeto es todo

18 de Junio de 2019

[Por: Leonardo Boff | Texto en español y portugués]




Una de las heridas que más sufre el mundo, también entre nosotros, es seguramente la falta de respeto.

 

El respeto exige, en primer lugar, reconocer al otro como otro, distinto de nosotros. Respetarlo significa decir que tiene derecho a existir y a ser aceptado tal como es. Esta actitud no convive con la intolerancia que expresa el rechazo del otro y de su modo de ser.

 

Así un homoafectivo o alguien de otra condición sexual como los LGBT no deben ser discriminados, sino respetados, en primer lugar por ser personas humanas, portadoras de algo sagrado e intocable: una dignidad intrínseca a todo ser con inteligencia, sentimiento y amorosidad; y seguidamente, garantizarle el derecho a ser como es y a vivir su condición sexual, racial o religiosa.

 

Con acierto dijeron los obispos del mundo entero, reunidos en Roma en el Concilio Vaticano II (1962-1965), en uno de sus más bellos documentos “Alegría y Esperanza” (Gaudium et Spes): «Cada uno debe respetar al prójimo como “otro yo”, sin excepción de nadie» (n.27).

 

En segundo lugar, el reconocimiento del otro implica ver en él un valor en sí mismo, pues al existir lo hace como único e irrepetible en el universo y expresa algo del Ser, de aquella Fuente Originaria de energía y de virtualidades ilimitadas de donde procedemos todos (la Energía de Fondo del Universo, la mejor metáfora de lo que significa Dios). Cada uno lleva en sí un poco del misterio del mundo, del cual es parte. Por eso entre el otro y yo se establece un límite que no puede ser transgredido: la sacralidad de cada ser humano y, en el fondo, de cada ser, pues todo lo que existe y vive merece existir y vivir.

 

El budismo, que no se presenta como una fe sino como una sabiduría, enseña a respetar a cada ser, especialmente al que sufre (la compasión). La sabiduría cotidiana del Feng Shui integra y respeta todos los elementos, los vientos, las aguas, los suelos, los distintos espacios. De igual modo, el hinduismo predica el respeto como no-violencia activa (ahimsa), que encontró en Gandhi su arquetipo referencial.

 

El cristianismo conoce la figura de San Francisco de Asís que respetaba a todos los seres: la babosa del camino, la abeja perdida en el invierno en busca de alimento, las plantitas silvestres que el Papa Francisco en su encíclica “sobre el cuidado de la Casa Común”, citando a San Francisco, manda respetar porque, a su modo, también alaban a Dios (n.12).

 

Los obispos, en el documento antes mencionado, amplían el espacio del respeto afirmando: «El respeto debe extenderse a aquellos que en asuntos sociales, políticos y también religiosos, piensan y actúan de manera diferente a la nuestra» (n.28). Tal llamamiento es de actualidad para nuestra situación brasilera, atravesada de intolerancia religiosa (invasión de terreiros de candomblé), intolerancia política con apelativos irrespetuosos a personas y a actores sociales o de otra lectura de la realidad histórica.

 

Hemos visto escenas de gran falta de respeto por parte de alumnos contra profesoras y profesores, usando violencia física además de la simbólica con nombres que ni siquiera podemos escribir. Muchos se preguntan: ¿qué madres tuvieron esos alumnos? La pregunta correcta es otra: ¿qué padres han tenido? Corresponde al padre la misión, a veces costosa, de enseñar el respeto, imponer límites y trasmitir valores personales y sociales sin los cuales una sociedad deja de ser civilizada. Actualmente, con el eclipse de la figura del padre, surgen sectores de una sin padre y por eso sin sentido de los límites y del respeto. La consecuencia es el recurso fácil a la violencia, hasta letal, para resolver desavenencias personales, como a veces hemos visto.

 

Armar a la población como pretende el actual Presidente, además de ser irresponsable, sólo favorece la falta peligrosa de respeto y el aumento de la ruptura de todos los límites.

 

Por último, una de las mayores expresiones de falta de respeto es hacia la Madre Tierra, con sus ecosistemas superexplotados, con la espantosa deforestación de la Amazonia y con la excesiva utilización de agrotóxicos que envenenan suelos, aguas y aires. Esta falta de respeto ecológico puede sorprendernos con graves consecuencias para la vida, la biodiversidad y para nuestro futuro como civilización y como especie.

 

Leonardo Boff es ecoteólogo, filósofo y escritor, ha escrito Cómo cuidar de la Casa Común, Vozes 2018.

 

Traducción de Mª José Gavito Milano

*     *     *

 

O respeito é tudo

 

Uma das chagas mais sofridas no mundo e também entre nós é seguramente a falta de respeito.

 

O respeito exige, em primeiro lugar, reconhecer o outro como outro, diferente de nós. Respeitá-lo significa dizer que ele tem direito de existir e de ser aceito assim como é. Essa atitude não convive com a intolerância que expressa a rejeição do outro e de seu modo de ser.

 

Assim um homoafetivo ou alguém de outra condição sexual como os da LGBT não devem ser discriminados, mas respeitados, primeiramente, por serem pessoas humanas, portadoras de algo sagrado e intocável: uma dignidade intrínseca a todo ser com inteligência, sentimento e amorosidade; em seguida, garantir-lhe o direito de ser como é e de viver sua condição sexual, racial ou religiosa.

 

Com acerto, disseram os bispos do mundo inteiro reunidos em Roma, no Concílio Vaticano II (1962-1965) em um dos mas belos documentos “Alegria e Esperança”(Gaudium et Spes):”Cada um respeite o próximo como “outro eu”, sem excetuar nenhum”(n.27).

 

Em segundo lugar, o reconhecimento do outro, implica ver nele um valor em si mesmo, pois ao existir comparece como único e irrepetível no universo e expressa algo do Ser, daquela Fonte Originária de energia e de virtualidades ilimitadas de onde todos procedem (a Energia de Fundo do Universo, a melhor metáfora do que Deus significa). Cada um carrega um pouco do mistério do mundo, do qual é parte. Por isso entre eu e o outro se estabelece um limite que não pode ser transgredido: a sacralidade de cada ser humano, no fundo, de cada ser, pois tudo o que existe e vive, merece existir e viver.

 

O budismo que não se apresenta como uma fé mas como uma sabedoria, ensina respeitar a cada ser, especialmente aquele que sofre (a compaixão). A sabedoria cotidiana expressa no Feng Shui integra e respeita todos os elementos, os ventos, as águas, os solos, os vários espaços. Semelhantemente o hinduísmo prega o respeito como a não-violência ativa (ahimsa) que encontrou em Gandhi seu arquétipo referencial.

 

O cristianismo conhece a figura de São Francisco de Assis que respeitava cada ser, desde a minhoca do caminho, a abelha perdida no inverno em busca de alimento, a plantinha silvestre que o Papa Francisco em sua encíclica “sobre o cuidado da Casa Comum”citando São Francisco, manda respeitar porque, a seu modo, também louvam a Deus (n.12).

 

Os bispos, no documento acima referido, alargam o espaço do respeito afirmando:”O respeito deve se estender àqueles que em assuntos sociais, políticos e mesmo religiosos, pensam e agem de maneira diferente da nossa”(n.28). Como tal apelo é atual para a nossa situação brasileira, atravessada de intolerância religiosa (invasão de terreiros do candomblé), intolerância política com apelativos desrespeitosos a pessoas e a atores sociais ou de outra leitura da realidade histórica.

 

Temos assistido a cenas de grande falta de respeito por parte de alunos contra professoras e professores, usando de violência física além da simbólica com nomes que sequer podemos escrever. Muitos se perguntam: que mães tiveram aqueles alunos? A pergunta correta é outra: que pais tiveram eles? Cabe ao pai a missão, por vezes onerosa, de ensinar o respeito, impor limites e repassar valores pessoais e sociais sem os quais uma sociedade deixa de ser civilizada. Atualmente, com o eclipse da figura do pai, surgem setores de uma sem pai e por isso sem o sentido dos limites e do respeito. A consequência é o recurso fácil à violência até letal para resolver desavenças pessoais, como,não raro, se tem visto.

 

Armar à população como pretende o atual Presidente além de ser irresponsável, só favorece a falta perigosa de respeito e o aumento da ruptura de todos os limites.

 

Por fim, um das maiores expressões de falta de respeito é para com a Mãe Terra, com seus ecossitemas super-explorados, com o espantoso desflorestamento da Amazônia e com a excessiva utilização de agrotóxicos que envenenam solos, aguas e ares. Essa falta de respeito ecológico nos poderá surpreender com graves consequências para a vida, a biodiversidade e o nosso futuro como civilização e como espécie.

 

Leonardo Boff é eco-teólogo,filósofo e escritor e escreveu Como cuidar da Casa Comum, Vozes 2018.

 

 

Imagem: https://www.significados.com/respeto/ 

 

Procesar Pago
Compartir

debugger
0
0

CONTACTO

©2017 Amerindia - Todos los derechos reservados.