22 de Marzo de 2018
[Por: José Neivaldo de Souza]
O sentido da vida está em ser feliz. É o que importa! No calendário da ONU, hoje, 20 de março, celebra-se o Dia Internacional da Felicidade. Mas, qual é o critério para a medição da felicidade? Ao ler um artigo, sobre a felicidade no Brasil, confesso que fiquei surpreso com a estatística. Ariano Suassuna dizia que existem três tipos de mentiras: a comum, a deslavada e a estatística. A diferença é que esta última é mais aceitável. Brincadeira à parte, toda mentira tem um fundo de verdade!
Segundo o Relatório Mundial da Felicidade, da ONU, em doze meses, o país do carnaval, do futebol, das belas praias, de samba e mulatas, despencou, dentre os 156 países pesquisados, da 22ª para a 28ª posição. A chamada da matéria era: “ONU aponta: Brasil ficou mais triste em 2017”. Apesar do relatório considerar a renda per capita, outros aspectos como: liberdade, justiça, segurança, saúde e educação, entraram como critérios de análise da Felicidade Nacional Bruta (FNB). Esta situação nos preocupa e nos faz pensar no futuro de nossos jovens e crianças.
Deepak Chopra observa, com razão, que a probabilidade de uma criança ser infeliz aumenta, e muito, se os pais e suas principais influências são infelizes. Quando há decadência de valores, responsáveis pelo bem-estar da pessoa, há um crescimento na procura de paliativos que tragam alívio na dor de viver. Muitas vezes as drogas cumprem esta função, mas não resolvem, causam dependência e contribuem, mais ainda, para o aumento da culpa e da tristeza.
Há hábitos saudáveis que ajudam a ser mais felizes. Entre eles os exercícios físicos, psíquicos e espirituais. Eles não só reduzem o estresse e a ansiedade, mas, ao liberarem endorfinas, reanimam a pessoa em sua relação com a natureza, consigo mesmo, com os outros e com Deus.
Eu teria muito o que dizer dos exercícios físicos e do contato com a natureza, pois eles nos estimulam a sair da rotina, muitas vezes fechada e angustiante, para a brandura de um ambiente aberto e suave. No entanto eu quero ressaltar a prática da meditação como uma ação favorável às relações pessoais e, portanto, à uma vida mais feliz, tanto no plano físico, como na dimensão psíquica e espiritual.
No plano físico, Deepak Chopra em seu livro: Caminho para a Felicidade Suprema aponta os benefícios da meditação para a saúde. Ele observa que ela “altera o cérebro de maneiras muito positivas... ativa o córtex pré-frontal – onde está localizado o pensamento mais elevado – e estimula a liberação de neurotransmissores” que estão relacionados ao estado de felicidade: “A dopamina é um antidepressivo; a serotonina está associada ao aumento da autoestima; a oxitocina acredita-se agora que seja o hormônio do prazer; as endorfinas são analgésicos da dor”. A meditação, favorecendo a criação destes neurotransmissores, favorecem o bem-estar físico.
Na perspectiva psíquica e existencial, Epicuro, filósofo grego do século IV a. C., dizia que a meditação favorece à saúde e é útil tanto ao jovem quanto ao ancião. Cuidando das coisas simples da vida, o velho se sente rejuvenescer ao meditar sobre seu passado e as situações que o ajudaram a ser feliz; o jovem, ao se enxergar ancião, se alegra, pois, a meditação o ajudará a não temer o futuro. A felicidade é o que move a vida humana: “estando ela presente tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcança-la”.
Na sabedoria judaico-cristã a meditação ajuda, no plano espiritual, a discernir os caminhos da justiça e do amor. O livro de Provérbios (15,28) nos orienta: o justo busca respostas na meditação e nela o seu coração se tranquiliza. Os Salmos também ensinam que a meditação ajuda a ver o mundo e a julgá-lo, com segurança, segundo a lei de Deus. Gosto da metáfora do Salmo 1: Quem medita à luz do amor é comparado a uma árvore plantada à beira de um rio: ela dá frutos na estação certa permanecendo sempre frondosa e saudável. Meditando dia e noite podemos discernir entre justiça e corrupção, violência e paz, e viver dias felizes, como bem escreve o autor do Salmo 34.
São Paulo, em sua carta aos filipenses (4,8), os aconselha a se fortalecerem na prática da meditação. Assim escreve: “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”. Em algumas traduções: “meditai”.
Meditar é premeditar uma vida feliz. O poeta Carlos Drummond de Andrade foi feliz em observar que é de dentro para fora e de cada um para todos que jorra a felicidade. Ela independe das coisas materiais e do bem-estar econômico. Ela é do âmbito da necessidade, da essência.
Imagem: https://www.sophimania.pe/sociedad-y-cultura/sociologia-y-antropologia/estudio-de-harvard-de-76-anos-da-claves-para-una-vida-feliz/
©2017 Amerindia - Todos los derechos reservados.