Nueva publicación sobre los 50 años de Medellín “revisita sus textos para retomar el camino”

14 de Enero de 2018

[Por: Eliseu Wisniewski]




Después de 50 años, ¿qué dice Medellín al continente y a la iglesia latinoamericana y caribeña? El libro organizado por Manoel Godoy y Francisco Aquino Júnior, que lleva por título: “50 años de Medellín. Revisitando los textos, retomando el camino”, busca, de alguna forma, responder a esta pregunta. Para ello, en sus páginas recoge las contribuciones de una pléyade de teólogos y pastoralistas brasileños que se preguntan cómo avanzar a partir de las intuiciones y orientaciones de la II Conferencia General del Episcopado Latinoamericano y Caribeño, de cara a las actuales realidades del continente.

 

A propósito de este libro, publicado por Paulinas en portugués, compartimos la reseña de Eliseu Wisniewski:

 

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Medellín é considerado o maior evento eclesial do continente latino-americano no século XX. É o Vaticano II da América Latina. Com Medellín, a Igreja na América Latina e no Caribe deixou de ser uma “Igreja reflexo” do milenar eurocentrismo para desencadear um processo de tessitura de um rosto próprio e de uma palavra própria.  

 

A celebração dos cinquenta anos da realização da Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, celebrada na cidade de Medellín, na Colômbia, de 24 de agosto a 6 de setembro e 1968, em meio às diversas iniciativas que tomarão as frentes eclesiais mais comprometidas com os pobres, é ocasião oportuna para termos em mãos um livro guia que revisite o tom profético de Medellín, analise Medellín no contexto do pontificado do Papa Francisco e lance luzes para a resistência histórica dos pobres de nosso continente. Nesta perspectiva, Manoel Godoy (Mestre em Teologia Pastoral, professor e membro da Ameríndia) e Francisco de Aquino Junior (Doutor em Teologia, professor e assessor teológico das CEBs, da Cáritas e das Pastorais Sociais), organizaram a presente obra. 

 

Na apresentação, os organizadores, anotam que o conjunto da obra consta de uma ampla contextualização de Medellín e de uma releitura de Medellín 50 anos depois. O livro consta de 20 capítulos. A estruturação do livro seguiu o esquema do Documento Final de Medellín, com seus 16 títulos, e o trabalho de cada autor foi o de fazer uma apresentação sintética do título e atualizá-lo para o contexto de hoje. 

 

Os capítulos primeiro e segundo expõem o contexto da realização de Medellín, os anos que se seguiram a Medellín e a situação social e eclesial hoje. No primeiro capítulo, José Oscar Beozzo, Doutor em História da Igreja, destaca o contexto em que se realizou Medellín e sua relevância 50 anos depois, percorrendo essas cinco décadas, recolhendo alguns depoimentos e balanços significativos da II Conferência ao longo desse período. Nas palavras de Beozzo: “a distância de meio século, não cessou e crescer no continente e mundialmente  consciência da relevância eclesial, social e política deste evento” (p. 9). No segundo capítulo, Antônio Manzatto, Doutor em Teologia, descreve a situação social e eclesial vivida no período pós-Medellín e quais foram às consequências positivas e negativas que essas mudanças trouxeram para a sociedade e para a Igreja. 

 

Os capítulos terceiro ao dezoito, apresentam os temas do texto final da Conferência. Uma observação para a compreensão destes capítulos. Sabemos que, para as Conclusões de Medellín, decidiu-se que o texto final, seria composto pelas conclusões das 16 comissões ou subcomissões que haviam trabalhado durante a assembleia. As 16 comissões estruturam-se com base na divisão proposta ao final do Documento de Trabalho. Dentro de cada bloco haviam figurado várias comissões, que coincidem com os diferentes “capítulos” ou “documentos”.  São os seguintes:  a) Promoção humana com cinco comissões: 1) Justiça; 2) Paz; 3) Família e demografia; 4) Educação; 5) Juventude; b) Evangelização e crescimento da fé com quatro comissões: 6) Pastoral popular; 7) Pastoral de elites; 8) Catequese; 9) Liturgia; c) A Igreja visível em suas estruturas com sete comissões: 10) Movimento de leigos; 11) Sacerdotes; 12) Religiosos; 13) Formação do clero; 14) A pobreza na Igreja; 15) Pastoral de conjunto; 16) Meios de comunicação social.

 

Assim sendo, o terceiro capítulo: Justiça (p. 42-57) é de autoria de Dr. Francisco de Aquino Júnior; o quarto capítulo intitulado A paz em construção (p. 58-65) é de autoria de Dr. Faustino Teixeira; o quinto capítulo: Família e pastoral nas transformações socioculturais (p. 66-82) de autoria de Dr. Márcio Fabri dos Anjos; o sexto capítulo: Educação (p. 83-94) de autoria de Dr. Fernando Altemeyer Junior; o sétimo capítulo: Juventude: aproximações, leitura e releituras- 50 anos depois (p. 95-110) de autoria de Prof. Carlos Eduardo da S. M. Cardozo; o oitavo capítulo: Pastoral das massas (p. 111-124) de autoria de Dr. Luiz Roberto Benedetti; o nono capítulo: A pastoral das elites na opção pobres (p. 125-141) de autoria de Marcelo Barros; o décimo capítulo: Catequese e realidade desde Medellín (p. 142-158) de autoria da Prof. Therezinha Cruz; o décimo primeiro capítulo: Da liturgia em Medellín para um jeito renovado de ser Igreja (p. 159-180) de autoria de Dr. José Ariovaldo da Silva; o décimo segundo capitulo: Movimento dos leigos (p. 181-192) de autoria de Dr. Cesar Kuzma; o décimo segundo capítulo: Medellín- Documento 11- Sacerdotes (p. 193-211) de autoria de Dr. Francisco Taborda; o décimo terceiro capítulo: A Vida Religiosa Consagrada em Medellín e hoje: dois momentos e um carisma eclesial (p. 212-228) de autoria de Dr. Jaldemir Vitório; o décimo quarto capítulo: Formação do clero (p. 229-245) de autoria de Me. Manoel Godoy; o décimo quinto capítulo: Pobreza na Igreja (p. 246-266) de autoria do Prof. Benedito Ferraro; o décimo sexto capítulo: A sinodalidade no documento de Medellín (p. 267-278) de autoria de Dr. Mario de França Miranda; o décimo sétimo capitulo: Comunicação, “imperativo dos tempos presentes”: o horizonte comunicacional do Documento de Medellín (p. 279-289) de autoria de Dr. Moisés Sbardelotto. 

 

Dos capítulos acima mencionados, selecionamos algumas provocações: a) sobre a Justiça: “não se deve desconsiderar ou tomar como mera casualidade o fato de o documento sobe justiça ser o primeiro dos 16 documentos de Medellín. É que a justiça não é apenas tema de um documento; é um tema que perpassa todos os documentos” (p. 43); b) sobre a Paz: “o projeto da paz não podia ser firmado fora do exercício da justiça” (p. 59), pois,  “onde não existe a paz social e predominam a desigualdades sociais, políticas, econômicas e culturais, o que ocorre é um rechaço do dom da paz do Senhor, e ainda mais, um rechaço do próprio Senhor” (p.62); c) sobre a Família e Demografia: “em Medellín se avança decididamente na busca de compreender quais transformações socioculturais mais impactam esta experiência e missão no campo familiar” (p. 68); d) sobre a Educação: “inspirados no documento sobre Educação proclamado em Medellín, pode-se desenhar um projeto de uma escola cristã alicerçada em cinco pilares: 1. Uma escola que contribua com a justiça social em atos de solidariedade concretos. 2. Uma escola que permita e valorize  expressão a liberdade. 3. Uma escola que e abre às questões da ecologia integral. 4. Uma escola que valorize as novas relações entre jovens, adultos, imigrantes e ouros povos numa visão planetária. 5. Uma escola que estimule ao jovens a descoberta de sentido em sus vidas” (p. 93); e) sobre a Juventude: “o que precisa ficar da presença dos jovens no contato com a evangelização e da pastoral é a sua grande ênfase no seguimento de Jesus como metodologia para uma vida e identidades cristãs e, como resultado desse seguimento, a continuação-construção do Reino de Deus com seu valores e práticas, numa síntese autêntica para uma vida mais humanizada” (p. 110); f) sobre a Pastoral Popular:uma nova geração clerical marcada por uma busca de massas, fundamentando-se em posturas que então eram consideradas superadas pelo Concílio Vaticano II: gosto de fundamentalismo - no rito e na crença-, mas agora revestido da glória e do esplendor do mundo do consumo. O paramento faustoso e a verdade pronta tomam o lugar da reflexão teológica, hoje mais exigente do que nunca. Seria menos preocupante se essas posturas não encontrassem respaldo nas gerações juvenis e idosas leigas que, num, olhar puramente impressionista, buscam segurança numa cultura de consumidores voluntários da religião” (p. 111); g) sobre a Pastoral das Elites: “sem dúvida, Medellín parece ter superado a tendência comum dos bispos e teólogos identificarem pastoral das elites com a tarefa da formação da juventude e de classe média e alta nos colégios religiosos e universidades católicas. De fato, pelos colégios católicos passaram muitos dos generais que presidiram ditaduras sanguinárias e dirigentes da elite mais corrupta do continente” (p. 137); h) sobre a Catequese: “de novo teríamos que lembrar o quanto Medellín nos chamou a adaptar a evangelização às necessidades reais dos destinatários” (p. 158); i) sobre a Liturgia: “olhando para o momento atual da nossa América Latina, como em todos os tempos, Medellín acentua também que a celebração litúrgica coroa e comporta o compromisso com a realidade humana, com o desenvolvimento e com a promoção, precisamente porque toda a criação está inerida no desígnio salvador que abrange a totalidade do homem” (p. 163), j) Sobre o Movimento dos Leigos: “agora, depois e 50 anos, nó nos perguntamos novamente: para onde caminham os nossos leigos na Igreja da América Latina e o que pode se esperar de suas ações diante das novas e urgentes realidades que marcam o nosso continente” (p. 190); h) sobre os Sacerdotes: “aparentemente talvez não e detecte um perigo para a fé do presbítero, mas na realidade será preciso reconhecer em vários casos uma fé que não interessa ou despreza a realidade social, política, econômica; uma fé com poucos fundamentos críticos pela falta de formação séria e do hábito de leitura que mantenha o presbítero-especialmente o jovem- atualizado na discussão teológica vigente, capaz de refletir sobre a fé e não simplesmente acolhê-la como um “pacote já pronto” a ser engolido e passado adiante com furor dogmático, que será tanto mais forte quanto mais falha a formação presbiteral. Enfim, descura-se uma fé encarnada. Neste ponto é crucial a formação adequada, sólida, profunda, tanto intelectualmente como espiritual, dos futuros presbíteros, e atualização continuada dos presbíteros veteranos” (p. 205); i) sobre os Religiosos: “a  caminhada a Vida Consagrada Religiosa, nas cinco décadas após a Conferência de Medellín, consistiu num esforço hercúleo e colocar em prática o que o Espirito falou á Igreja, em meio aos revesses de todos os tipos, tanto eclesiásticos e institucionais quanto culturais. Um olhar contemplativo da VRC, revela-nos o rosto bonito de um carisma importante na vida do Povo de Deus. Entretanto, confronta-nos com seu avesso, com o colorido cinzento das infidelidades” (p. 222); j) Formação do Clero: “teríamos que ter a coragem de nos lançarmos a modelos novos, mais colados à realidade atual, e não simplesmente reproduzirmos tudo aquilo que já se tentou nos últimos anos” (p. 245); l) a Pobreza na Igreja: “a Igreja é chamada a responder aos anseios de libertação do pobres que clamam por justiça e vida” (p. 246); m) Pastoral de Conjunto: “num mundo cada vez mais complexo, numa humanidade mais consciente do valor da pessoa, numa sociedade que deve abrigar a diversidade, só poderá haver paz e convivência realmente humana se houver escuta mútua e participação de todos em vista de um consenso, necessário e imprescindível, diante dos desafios e das problemáticas. E a Igreja deveria dar sua contribuição pelo testemunho e pela vivência desta sinodalidade entre seus membros. Trata-se de seguir a rota indicada pelo Concílio Vaticano II, por Medellín e urgida atualmente pelo Papa Francisco” (p. 278); n) Meios de Comunicação Social: “a Igreja desenvolve sua ação comunicacional tendo em vista os desejos e as necessidades dos pobres, libertando-os das injustiças e promovendo-os integralmente” (p. 298).

 

Os capítulos dezenove e vinte apresentam os desafios e horizontes da ação da Igreja no mundo e para a configuração e organização da Igreja hoje. No capítulo dezenove, Dr. Leonardo Boff, descreve quais são os elementos que devem ser removidas para que apareça a novidade que pode significar, em grandes traços, a Igreja latino-americana. Num primeiro momento apresenta os reducionismos e limitações a serem superados, no segundo momento mostra-nos por onde passa o futuro do cristianismo e, no terceiro momento apresenta quatro desafios fundamentais: a) a salvaguarda do sistema-terra e do sistema-vida; b) manter a humanidade unida; c) a promoção da cultura da paz;  d) a encarnação nas culturas indígenas e afro-americanas. 

 

No vigésimo capítulo, de autoria de Dr. Agenor Brighenti, elenca alguns desafios e horizontes para a configuração e a organização da Igreja. Num primeiro momento, aborda a configuração eclesial, elencando os principais traços do rosto da Igreja desenhado por Medellín (uma Igreja sacramento do Reino e uma Igreja pobre e dos pobres) e pergunta-se sobre sua atualidade e perspectiva futura. Num segundo momento, ocupa-se da organização da Igreja, das mediações institucionais propostas por Medellín para levar a cabo a ação evangelizadora (Igreja como eclesiogênese). Conclui fazendo algumas considerações em ordem ao tempo presente e futuro: “nos 50 anos de Medellín, depois de um longo inverno eclesial, estão dadas as condições para desencadear na Igreja uma nova primavera, tal como aconteceu nas décadas de 1970-1980. Revisitando Medellín, há belas iniciativas a resgatar, novos caminhos a trilhar, com a audácia dos que se deixam guiar pelo Espírito, e, sobretudo, novas respostas a dar aos desafios concretos de nosso tempo” (p. 329). 

 

O Posfácio apresenta o programa a ser seguido pela Igreja de nosso continente num novo contexto e numa sociedade complexa: “com os pobres, retomando a recepção interrompida do Concílio Vaticano II e de Medellín”. 

       

Eliseu Wisniewski

Doutorando em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.

E-mail: eliseu.vicentino@gmail.com

 

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