15 de Noviembre de 2017
[Por: Emerson Sbardelotti]
A Conferência de Medellín (1968, Colômbia) reconheceu que a juventude se apresenta, em grande parte do Continente como um novo corpo social, portador de ideias próprias e de valores inerentes ao seu próprio dinamismo interno.
A Conferência de Puebla (1979, México) descreve a situação da juventude perante a sociedade e a Igreja reconhecendo que seu papel normal na sociedade é dinamizar o corpo social e vê nela uma enorme força renovadora, símbolo da própria Igreja. Ela confia nos jovens. Eles são a sua esperança1.
Seguindo o que disseram os bispos em Medellín e em Puebla, olhando para nossa realidade juvenil, ouso dizer que, apesar de tudo, a juventude é uma voz profética que anuncia a necessidade de conversão e de refundação de toda a Igreja e sociedade. Ela é chamada a anunciar, denunciar e ameaçar. São lideranças que estão espalhadas por todos os cantos do Continente, coordenando grupos...evangelizando.
Quando uma pessoa quer alcançar um objetivo que vai além de suas possibilidades individuais, ela procura se associar a outra ou a outras. Não há vida humana sem sócio, isto é, sem parceiros de convivência e de ação. Pois a vida humana vai muito além das possibilidades individuais isoladas. Ela supõe um conjunto importante de muitas relações que se completam.
Ora, quando as pessoas se juntam com algum objetivo logo se estabelece certa organização. A tendência de qualquer grupo que pretende conviver ou agir é espontaneamente se estruturar. Isso significa que logo se estabelece entre os membros do grupo (sócios) diferentes expectativas de um em relação ao outro. E, dependendo do jeito, dos dons, da personalidade, da experiência, da capacidade, do peso ou da leveza de cada um, estabelece-se espontaneamente uma estrutura que acomoda as diferenças em vista do que se busca juntos.
Num mutirão, na organização de uma festa, numa reunião que se busca tomar decisões, em qualquer ação coletiva, além das pessoas comuns que participam, surgem sempre lideranças. Líderes são aquelas pessoas que em determinados momentos e ocasiões têm um poder de influência sobre os outros. São aquelas pessoas que no entrelaçado das relações internas do grupo conseguem ter um peso tal que suas palavras, opiniões, sugestões, iniciativas são quase sempre levadas em conta. Pessoas que sempre ou quase sempre contam com a aceitação e adesão de pelo menos uma parte do grupo. Num grupo, numa comunidade, há sempre várias lideranças e isso é uma grande riqueza. Seria um empobrecimento grande só contar, em uma comunidade, com uma só liderança. Num grupo vivo e rico há sempre muitas lideranças e muitos dons em cada participante2.
Coordenar um grupo de jovens é uma arte, na medida em que exige muita sensibilidade, imensa criatividade, verdadeira emoção e ao mesmo tempo, teoria, técnica e compromisso com o cuidado humano, com o bem viver.
O principal dilema do/a coordenador/a de grupo é encontrar a medida adequada para fazer intervenções sobre os conteúdos que emergem na dinâmica grupal, mas também no emocional que surge do contato com os/as participantes do grupo.
O/A coordenador/a é aquele/a que sabe iniciar um trabalho com o grupo de forma receptiva e aberta buscando sempre o equilíbrio entre todos/as os/as participantes do grupo.
O/A coordenador/a é o/a líder que se reconhece pela qualidade e capacidade de ajudar os/as participantes do grupo a se entenderem, a se unirem, a se integrarem, primeiro consigo mesmos, depois com as outras equipes, com a comunidade, com a paróquia, perseverando e realizando os projetos e os objetivos que o grupo for decidindo em sua caminhada pastoral.
O/a coordenador/a é aquele/a que sabe valorizar todas as pessoas que compõem o grupo, sem impor sua vontade, incentivando a comunicação, a participação, a comunhão, e sempre que for preciso, questionando e se deixando questionar.
O/A coordenador/a é aquele elemento chave dentro de um grupo de jovens. Sem um/a coordenador/a o grupo de jovens não consegue, na maioria dos casos, ir para frente.
O/A coordenador/a deve ser um/a dos/as jovens do grupo, nunca um/a adulto/a ou um/a assessor/a.
O/A coordenador/a tem que estar na linha de frente, exercer o protagonismo juvenil que lhe cabe, encontrando espaços para aflorar a criatividade, contribuindo de seu jeito próprio.
O/A coordenador/a é escolhido/a pelos/as jovens do grupo. É um chamado de Deus para integrar, animar, motivar e coordenar. Ele/a deve ser uma pessoa simples, atenciosa, paciente, amiga, capaz de acolher, ouvir, de fácil aproximação e contato, animada, entusiasmada, apaixonada por aquilo que faz e acredita, otimista, entusiasta, e que transmita esperança.
O/A coordenador/a é uma pessoa de fé e vida. Que tira um tempo para se comunicar com Deus pela oração, pela meditação da Palavra, pela participação nas celebrações da Palavra e da Eucarística. É uma pessoa que está sempre se capacitando, buscando cada vez mais como se deixar evangelizar e evangelizar a juventude. É uma pessoa que está à disposição, que sabe organizar e planejar em conjunto.
O/A coordenador/a não realiza tarefas sozinho, mas sempre, em conjunto. Ele/a dinamiza a reunião distribuindo funções a outras pessoas. De certa maneira, ele/a vai preparando novos coordenadores ao descentralizar o foco sobre ele/a.
O/A coordenador/a consciente é aquele/a que sabe dar vez a outras pessoas assumirem o cargo. Ele/a não fica triste, pelo contrário parabeniza o/a novo/a coordenador/a por aquela vitória e se põe a ajudar, mas em silêncio, discretamente; participa do grupo como membro/a, rezando para que o trabalho do/a novo/a coordenador/a seja tão bom quanto o seu.
Em resumo:
O coordenador é uma peça chave. Ele deve ter uma visão de conjunto, saber lidar com muitas coisas ao mesmo tempo, ter jeito para motivar e fazer com que os demais membros deem o melhor de si, saber dar atenção à tarefa do momento e ao mesmo tempo pensar adiante, saber administrar os conflitos e tensões entre os membros, para que não se quebre o ambiente de amizade e alegria3.
Citas
1 CNBB. Campanha da Fraternidade 1992: Juventude Caminho Aberto. São Paulo: Editora Salesiano Dom Bosco, 1991, p. 87-88.
2 QUEIROZ, Raimundo Nonato de. (Org.). Como ser eficaz em grupo? – Organização e planejamento. São Paulo: Paulus, p. 69-70.
3 BORAN, Jorge. Curso de Dinâmica para Líderes – CDL 1 Nível. 10.ed. São Paulo: Paulinas, 2010, p. 25.
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