09 de Noviembre de 2017
[Por: Paulo Suess]
A conquista das colônias ibéricas sempre teve um braço militar e outro espiritual. A religião era uma arma de submissão dos povos conquistados, mas também um bálsamo para a vida cotidiana dos próprios colonizadores e para a segunda ou terceira geração dos colonizados. Com o passar do tempo, os povos colonizados se apropriaram de elementos essenciais da religião imposta e fizeram deles uma arma de sua sobrevivência e libertação. Indígenas, escravos e empobrecidos na terra conquistada transformaram as devoções de santos, relíquias e imagens milagrosas em amuletos de sua sorte, interlocutores de suas rezas e instâncias de sua proteção.
A seguir, algumas reflexões a partir de duas devoções e imagens que nos primórdios aportaram na Terra da Santa Cruz, onde se transformaram: a devoção a Nossa Senhora de Loreto, uma imagem de mãe negra, milagrosa, com o menino Jesus nos braços, e a imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, virgem branca, também já muito antes de chegar ao Brasil considerada milagrosa. A virgem branca, no rio Paraíba do Sul, tornou-se negra, e a mãe preta, de Loreto, em Jacarepaguá, na periferia do Rio de Janeiro, tornou-se branca. Nem todas as imagens de Loreto no Brasil sofreram esse processo de branqueamento, como nem todas as imagens da Imaculada Conceição se tornaram negras...
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