LUTA E CONTEMPLAÇÃO - Mística missionaria militante entre e além de Medellín e Aparecida
[Paulo Suess]
O ano de 1968 condensa a miséria, a esperança e o estado de espírito de todo um
século. Tudo apontava para as estruturas de violência e a necessidade de
transformações. A violência e a força destrutiva têm múltiplos rostos. São
assassinados estudantes, operários, líderes anti-racistas e políticos. São massacrados
povos indígenas e missionários. São torturados presos políticos e seqüestrados atores
de teatro. A força destrutiva está embutida no projeto civilizatório, nas instituições, no
Estado, na própria racionalidade instrumental, no fundamentalismo religioso, classista
e étnico, nos grupos para-militares e serviços secretos.
A experiência de 68 mostrou que as estruturas de violência são abaláveis. O pequeno
Vietnã mobilizou movimentos de protesto no mundo inteiro. Uma juventude que não se
conforma com o mundo, como é, pode também mudar padrões de relacionamento do
cidadão com o Estado, entre as gerações e os gêneros. A realidade não é nem natural,
nem fatal, ela é histórica. A realidade pode e deve ser transformada. No meio dos
protestos contra a ordem estabelecida, a miséria e a ditadura, estava acontecendo
uma discussão sobre o projeto da humanidade, sobre o futuro e o sentido da vida.
Desta discussão emergiu um grito por transformações profundas de estruturas e
valores.