“Eu não sou o jovem pobre, favelado, sem perspectiva. Eu tô podendo”
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“Eu não sou o jovem pobre, favelado, sem perspectiva. Eu tô podendo”. Entrevista especial com Lucia Mury Scalco sobre os rolezinhos
“Para as classes populares, o direito a ter acesso a bens como educação, saúde, habitação confunde-se semanticamente com consumo (compra de uma mercadoria). A inclusão social se dá através da dimensão do consumo”, descreve a antropóloga.
“O contexto social e econômico desses jovens de periferia realmente aponta para um universo marcado pela escassez de recursos, mas nossa pesquisa mostra que, através do consumo, é possível (na visão desses jovens)inverter essa realidade, pois, ao aflorar abundância e riqueza material, eles fazem do ato de se vestir uma ação que subverte a ordem estabelecida e dada (qual seja, de pobreza e discriminação)”, afirma a antropóloga Lucia Mury Scalco. Ela lembra a frase de um dos garotos ouvidos durante a elaboração da sua pesquisa para exemplificar a análise feita: “Eu não sou o jovem pobre, favelado, sem perspectiva. Eu tô podendo”.