Os escrachos e um novo fenômeno de participação social. Entrevista especial com Ivana Bentes
[ IHU]
“Estamos diante de uma mobilização global político-afetiva nas ruas e nas redes”, constata a professora da UFRJ.
Confira a entrevista.
“Os desorganizados” são a “novidade” das manifestações que tomaram as ruas de várias cidades brasileiras nos meses de junho e julho, avalia Ivana Bentes, em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail.
Eles entraram em cena com “seus cartazes, memes, fantasias, como se estivessem postando em uma timeline, com expressões singulares e inventivas, muitas vezes sozinhos ou em pequenos grupos de amigos”, assinala.
Na avaliação dela, trata-se de um “momento intenso de potencialização política e da emergência de novos discursos e atores, que usam as redes sociais e se organizam conectando as redes digitais com os territórios e os corpos”. E acrescenta: “Olhando para as imagens produzidas, cartazes, memes na internet, hashtags, vídeos e fotografias, encontramos uma transversalidade e complementariedade desses movimentos e discursos”.
Ivana também analisa as narrativas de comunicação que surgiram com os protestos, e assegura que “a comunicação é a própria forma de mobilização, não é simplesmente uma ‘ferramenta’”. Ou seja, trata-se de uma “esfera midiática ativista”. E dispara: “A comunicação feita em tempo real pela Mídia Ninja, por exemplo, já é uma manifestação política e mobilizadora”. Para ela, a “Mídia Ninja não pode ser reduzida ao campo do jornalismo, mas aponta para um novo fenômeno de participação social e de midiativismo (ativismo e protestos), que utilizam a mídia e as redes sociais e celulares móveis e outras tecnologias para produzir um estado de comoção e de mobilização”.