A eleição de Dilma Rousseff como um processo pedagógico de cidadania.
[Autor Prueba]
Luiz Alberto Gómez de Souza, sociólogo.
Cidadania é levar a sério nossa situação de sujeitos de direitos e de deveres para com a sociedade. As campanhas políticas deveriam ser momentos de exercício dessa responsabilidade cívica. Assim se constrói a democracia. Entretanto, o que vemos nesta última semana antes do segundo turno da eleição para presidente vai numa direção oposta: uma desilusão de muitos com a condução da coisa pública e a sensação de que não há muito que fazer. Parece uma regressão no lento e difícil aprendizado da cidadania, no momento do exercício na democracia representativa eleitoral, que deveria levar a um aprofundamento de uma democracia participativa. Conversando com gentes comuns, choferes de taxi, porteiros, empregados no comércio, vemos um sentimento de desilusão e uma tendência a não querer fazer uma escolha cívica. Salta logo um primeiro ponto: uma falta de perspectiva histórica. Fala-se de corrupção (“todos são iguais”), esquecendo que há uma grande diferença entre hoje e um período anterior não muito distante. Hoje os malfeitos são denunciados às claras, por procuradores, polícia federal, Ministério da Justiça, quando no passado eram tantas vezes empurrados para debaixo do tapete. E não se trata apenas dos tempos da ditadura. Mesmo nos primeiros anos da redemocratização nem sempre vinham à luz os escândalos. Um livro muito bem documentado, infelizmente pouco lembrado, “A privataria tucana” (Geração Editorial, 2011), de Amaury Ribeiro Júnior, denunciou com detalhes o que ocorreu no período do governo do PSDB, fatos ignorados pela grande imprensa, com jornalistas e analistas coniventes
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